04 set, 2025 - 07:17 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos , João Cunha , Daniela Espírito Santo , Manuela Pires
[Notícia atualizada às 23h37, de 4 de setembro de 2025]
Dezasseis pessoas morreram na sequência do acidente com o elevador da Glória, em Lisboa. Durante a manhã desta quinta-feira foram noticiadas as mortes de dois feridos grave que tinham sido transportados para o hospital, mas a Proteção Civil corrigiu a informação ao início desta tarde, depois da declaração do primeiro-ministro.
"Com base nas fontes disponíveis, foi informado o falecimento de duas vítimas, durante esta noite, nos hospitais. Esta informação não está correta, tendo-se apurado uma duplicação de um registo, pelo que se corrige e esclarece que faleceu uma pessoa esta noite no Hospital de São José, havendo assim a lamentar 16 vítimas mortais, e não 17 como informado esta manhã", disse a Proteção Civil, citada pela Lusa.
Margarida Santos Martins, da Proteção Civil de Lisboa, não adiantou a nacionalidade das vítimas.
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Seis dos 23 feridos no acidente com o elevador da Glória na quarta-feira encontram-se em cuidados intensivos, enquanto todos os feridos ligeiros já tiveram alta hospitalar, anunciou o diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde. Álvaro Almeida adiantou que vários hospitais do Serviço Nacional de Saúde receberam 23 vítimas do descarrilamento, 13 feridos ligeiros e 10 graves - seis encontram-se em cuidados intensivos.
A Proteção Civil revela que entre os feridos há quatro portugueses, dois alemães, dois espanhóis, um coreano, um cabo-verdiano, um canadiano, um italiano, uma francesa, um suíço e um marroquino. Falta ainda apurar a nacionalidade de quatro feridos.
O guarda-freio da composição do Elevador da Glória e quatro funcionários da Santa Casa são as primeiras vítimas mortais confirmadas.
A Polícia Judiciária afastou o cenário de ação criminosa.
O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), em conjunto com outras entidades, concluiu as perícias no local do descarrilamento do elevador da Glória, em Lisboa. Prevê a publicação de um relatório preliminar no espaço de 45 dias.
Para esta sexta-feira está prevista uma nota informativa do GPIAAF, a dar conta das constatações iniciais e da orientação que a investigação irá prosseguir, indicou à agência Lusa fonte do organismo público.
Em declarações à SIC, o diretor da Polícia Judiciária de Lisboa e Vale do Tejo, João Oliveira, classificou o incidente como um "cenário de exceção".
“Isto é um cenário de exceção, não é uma cena típica de crime ainda, porque ainda não temos nenhum indicador seguro, preciso, de que possa ter existido alguma ação criminosa na origem destes factos”, afirmou.
Entre as vítimas mortais estarão cidadãos de várias nacionalidades.
O Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses ativou na última noite a equipa de desastres de massa em Lisboa, com o objetivo de fazer as identificações até esta manhã.
Perante a tragédia do elevador da Glória foi decretado um dia de luto nacional e três em Lisboa.
O local da tragédia mantém-se sob vigilância policial, com dois agentes da PSP a assegurar que ninguém ultrapassa o perímetro de proteção delimitado à volta da área do acidente.
Pelas 8h30 chegaram ao local equipas da Polícia Judiciária, da Autoridade para as Condições de Trabalho e do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários, para prosseguir com os trabalhos de perícia que visam esclarecer as circunstâncias do acidente.
A circulação já foi parcialmente retomada: é possível descer a Avenida da Liberdade até aos Restauradores e seguir em direção ao Rossio, bem como efetuar o percurso inverso. No entanto, continua interdita a passagem na zona lateral junto à Calçada da Glória, onde os polícias permanecem no terreno para garantir o cumprimento das restrições de segurança.
Reportagem
O Elevador da Glória, ponto turístico da cidade de(...)
O autarca de Lisboa chegou às onze e meia à residência oficial do primeiro-ministro para se reunir com o Governo. Nessa altura, Luís Montenegro abandonou a sala e foi buscar Carlos Moedas, a quem deu um longo abraço. Os dois, de gravata preta, entraram na sala das reuniões do Conselho de Ministros. Depois disso, saíram ambos para falar ao país.
Moedas foi o primeiro a tomar a palavra. Perante os jornalistas, garantiu ter pedido uma investigação interna e externa à Carris e assegurou que foi feita uma "vistoria imediata" aos restantes funiculares da cidade, que só retomam atividade quando a investigação for concluída.
O autarca aproveitou a declaração para agradecer o "apoio prestado" durante este "acidente sem precedentes" e pedir "apoio e celeridade na investigação". "Precisamos da ajuda de todos", diz, garantindo que se estão a "recolher todas as informações para poder apurar responsabilidades".
Luís Montenegro repetiu o cenário, assegurando que a "prioridade imediata" foi "o socorro das vítimas", mas que "as autoridades competentes realizarão com a celeridade necessária todas as diligências". "Vamos apurar as responsabilidades com sentido de respeito por todos aqueles que sofreram e sofrem os efeitos deste acidente", reforçou o primeiro-ministro, que acredita que a resposta rápida "permitiu salvar vidas".
Neste dia de luto nacional, o primeiro-ministro manteve apenas dois pontos da agenda, a reunião do Governo e a videoconferência com líderes sobre a Ucrânia.
Carlos Moedas foi convidado a noite passada pelo primeiro-ministro a participar na reunião do Executivo depois do acidente com o elevador da Glória onde morreram 16 pessoas.
Ao contrário do que é habitual, não haverá briefing no final da reunião do Conselho de Ministros.
A Fidelidade, que é a seguradora da Carris, manifestou esta quinta-feira "total disponibilidade" para prestar assistência e facilitar os "processos de indemnização e de assistência necessários" às vítimas do descarrilamento do elevador da Glória, ocorrido na quarta-feira.
Em comunicado, a Fidelidade começou por expressar "o seu profundo pesar e endereça sentidas condolências às famílias e amigos das vítimas", salientando que "a prioridade absoluta neste momento é apoiar todos os que foram afetados por esta tragédia".
O Chega anunciou nesta quinta-feira o adiamento da manifestação contra o “travão à Lei de Estrangeiros”, agendada para o próximo sábado, em Lisboa.
“Devido à tragédia ocorrida no Elevador da Glória e ao luto oficial entretanto decretado, o Chega decidiu adiar a manifestação”, comunicou o partido em mensagem enviada aos jornalistas.
Já o PSD cancelou a Convenção Nacional Autárquica, agendada para o próximo domingo, no Porto.
“Face à tragédia que vitimou mais de uma dezena de pessoas na queda do Elevador da Glória em Lisboa, o PSD decidiu cancelar a realização da Convenção Nacional Autárquica, que estava agendada para o próximo domingo, no Porto", diz o partido em nota enviada à comunicação social.
Por sua vez, o CDS/PP comunicou o cancelamento da sua rentrée politica, que estava agendada para este sábado, dia 6 de setembro, em Vale de Cambra.
A agenda do presidente do CDS/PP, Nuno Melo, foi cancelada até ao próximo dia 8 de setembro.
Também o Partido Socialista vai adiar a convenção autárquica prevista para sábado, em Coimbra. Uma nova data está a ser ponderada mediante a disponibilidade do Convento de São Francisco, onde iria decorrer.
A Polícia Judiciária vai realizar uma conferência de imprensa esta quinta-feira às 18h00.
Em conferência de imprensa, o presidente da Carris, Pedro de Brito Bogas indicou que a manutenção do Elevador da Glória e dos outros ascensores da cidade está entregue a uma empresa externa "pelo menos desde 2007" e que, ao contrário do que foi avançado por alguns meios de comunicação, existe em vigor um contrato de manutenção.
O mesmo, detalhou, foi celebrado a 20 de agosto e entrou em vigor a 31 de agosto, tendo sido celebrado por ajuste direto por um período de cinco meses.
Estão alocados a este contrato "seis técnicos enquadrados por três engenheiros da empresa prestadora". Destes, dois estão em permanência 24 horas por dia, com Pedro de Brito Bogas a indicar que as inspeções periódicas mantiveram-se "sem qualquer falha" e que as inspeções diárias "estão devidamente registadas".
O responsável da Carris defende que a empresa tem "investido fortemente" na manutenção, com os custos a terem duplicado nos últimos 10 anos.