07 set, 2025 - 20:24 • Olímpia Mairos
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, assumiu em entrevista à SIC a responsabilidade política pelo descarrilamento do Elevador da Glória.
“A responsabilidade política é minha”, afirmou o autarca, sublinhando que essa responsabilidade só se concretiza se ficar provado que a Câmara não deu à Carris as condições necessárias para garantir a manutenção da infraestrutura.
Moedas reforçou que, caso se demonstre que a sua atuação levou à redução do orçamento da empresa, à falta de investimento ou a falhas na manutenção, assumirá as consequências: “Se alguém provar que alguma ação minha, enquanto presidente da Câmara, impediu a empresa de gastar o necessário em manutenção ou de cumprir o que tinha de fazer, eu demito-me no mesmo dia.”, assegurou.
No entanto, o autarca garante que não existe qualquer erro que possa ser imputado diretamente a uma decisão sua.
“Nesta tragédia não há nenhum erro que possa ser atribuído ao presidente da Câmara. Não é o presidente da Câmara que gere a empresa”, sublinhou.
Sobre o pedido de demissão apresentado pelo presidente da Carris, Pedro Bogas, e a disponibilidade manifestada pelo vice-presidente da Câmara, Filipe Anacoreta Correia, para assumir responsabilidades, Carlos Moedas foi perentório: “Daqui ninguém sai. Ninguém se pode demitir de algo tão grave. Seria uma cobardia. Não vou permitir.”
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Carlos Moedas afirmou ainda não compreender a forma como a tragédia tem sido “politizada”, confessando estar revoltado com o aproveitamento político da situação.
“Revolta-me muito ver que certos partidos, de forma direta ou dissimulada, procurem politizar a tragédia”, declarou, apontando diretamente ao Partido Socialista de Lisboa.
Segundo o autarca, o PS evita pedir abertamente a sua demissão, mas promove essa pressão por via indireta.
“No fundo, têm uma candidata que não pede a minha demissão, mas encarrega todos os seus sicários e todos os seus apoiantes para virem por trás— como Pedro Nuno Santos ou Brilhante Dias” — de o fazerem.
Na entrevista, o presidente da Câmara destacou ainda que a sua prioridade imediata, após a tragédia, foi estar no terreno e acompanhar de perto a situação.
O Elevador da Glória, em Lisboa, descarrilou na quarta-feira, causando 16 mortos e 23 feridos.
O equipamento é gerido pela Carris, liga os Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, num percurso de cerca de 265 metros e é muito procurado por turistas.