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TGV em Gaia. "Somos de Canelas, não queremos sair daqui"

08 set, 2025 - 13:26 • Ana Fernandes Silva

Na rua de Ramos, em Canelas, haverá demolições por causa da linha de alta velocidade. Por meia dúzia de metros, a casa de Cândida Carvalho está a salvo.

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TGV em Gaia. "Somos de Canelas, não queremos sair daqui"
Ouça a reportagem em direto da rua de Ramos, em Vila Nova de Gaia, pela jornalista Ana Fernandes Silva

Ainda não há sinal de obras, mas já há sentenças anunciadas para muitas habitações, em Vila Nova de Gaia.

Perante a escassez de oferta de transportes públicos em Portugal, tantas vezes alvo de queixas por parte de muitos cidadãos, a construção de uma linha de alta velocidade surge como uma luz ao fundo do túnel. Mas nem tudo é um mar de rosas.

Em Canelas, na rua de Ramos e na rua do Baixinho, há moradias e empresas que vão ser expropriadas por causa da construção do TGV. E há quem já esteja a ser notificado pelo consórcio responsável.

"Somos de Canelas, nascidos e criados em Canelas os dois. Não queremos sair daqui", começa por dizer à Renascença Cândida Carvalho, que vive com o marido há mais de duas décadas naquela freguesia de Vila Nova de Gaia.

Mas o pior cenário não se impôs e a sorte parece ter batido à porta de Cândida.

"Fomos a uma reunião nas instalações da junta de freguesia com um técnico que representava um gabinete de estudos para a obra do TGV, e aí, tranquilamente, o senhor disse-nos que não estamos na linha de passagem, mas sim na zona de perigo, na zona de obras", onde a poucos metros ficará o estaleiro.

No caso de Cândida Carvalho, o futuro aparenta ser mais estável do que o de alguns vizinhos. "Estamos a poucos metros do sítio onde vai passar a linha e a nossa casa pode sofrer danos e perda de valor", explica a moradora.

Ainda não há data de início, nem previsões para a duração das obras, mas Cândida mostra-se positiva no que acredita que vá ser uma "mais-valia para o país".

Mesmo com um futuro cenário de obras à porta de casa que, na melhor das hipóteses, irá trazer ruído e sujidade, Cândida aceita a mudança "com muita tranquilidade", uma vez que a "sorte" lhe parece ter sorrido. O mesmo não será o caso de alguns dos vizinhos de Cândida.

A linha de alta velocidade vai implicar 130 demolições em oito freguesias do concelho. Cerca de 100 de forma definitiva e outras que podem ser de afetação temporária ou definitiva.

A meia dúzia de passos acima do portão de Cândida, ainda na rua de Ramos, estão moradias que vão ser demolidas. A Renascença não conseguiu falar com os proprietários destas habitações, mas a vizinha Cândida dá conta do "estado de choque" de quem já soube que vai ficar sem a sua casa.

"São pessoas que viveram aqui a vida toda e, portanto, estão em estado de choque", conta Cândida Carvalho.

"Falei com um dos vizinhos, que construiu a casa. Foi ele que a construiu, há muitos anos. Está muito ligado emocionalmente à casa", desabafa.

Por outro lado, há quem não tenha essa ligação emocional. É o caso de José Silveiro, que vive na rua que fica colada à rua de Ramos e à rua do Baixinho. Para já, não consta que a sua moradia será afetada pelas obras, mas garante que, se fosse, "era igual". "As coisas têm de ser fazer", relata à Renascença. Para José, a principal preocupação é "se 'eles' pagam o valor das casas" ou se os indemnizados recebem o suficiente para "comprar ou construir outra casa mais ou menos igual", ressalva.

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