10 set, 2025 - 20:06 • Pedro Mesquita , Fábio Monteiro
A edição desta quarta-feira da revista satírica francesa Charlie Hebdo está a provocar aceso debate nas redes sociais, sobretudo em Portugal, devido à ilustração escolhida para a capa.
O cartoon recupera a imagem do Elevador da Glória, em Lisboa, para caricaturar a atual crise política em França.
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No desenho, o elevador amarelo aparece em descida descontrolada, com vários políticos franceses no seu interior, entre os quais Emmanuel Macron e Marine Le Pen. A ilustração é acompanhada da legenda: "vamos desbloquear tudo".


António Raminhos aponta associação forçada entre tragédia no Elevador da Glória e crise política em França
Ouvido pela Renascença, o humorista António Raminhos considera forçada a associação da tragédia portuguesa com a política francesa. “A única questão em relação à caricatura, que eu acho que é forçada, é a associação da tragédia à crise política em França”, disse.
Raminhos admite que este não é o seu tipo de humor, mas reconhece que a sensibilidade em relação ao tema pode variar consoante a proximidade cultural. “Se fosse uma tragédia que envolvesse franceses, não sei se teriam a mesma opção. Obviamente, para nós que estamos mais perto dela, este tipo de caricaturas pode ter mais impacto”, sublinhou.
Seria lícito a um humorista português brincar com esta tragédia? “Acredito que até já possa ter acontecido. Não é o meu tipo de humor, mas é só isso. Se é mau gosto, se é bom gosto, isso é sempre muito relativo. Eu gosto de um humor negro, mas quando vejo piadas sobre temas às vezes difíceis a única coisa que me acontece é: rio ou não rio. Há quem goste? Está tudo bem.”


Eduardo Madeira: "O Charlie Hebdo vive um bocadinho da provocação"
O também humorista Eduardo Madeira relativiza a polémica e considera que o alvo do cartoon são os políticos franceses, e não as vítimas do acidente em Lisboa. “Não vejo aqui um problema muito grande. É uma piada de humor negro, também com humor político, e que até diz mais do estado em que está a França do que de Portugal”, defendeu.
Apesar de admitir que a piada não é brilhante, Eduardo Madeira considera que a provocação faz parte da identidade da revista francesa. “Compreendo que o Charlie Hebdo vive um bocadinho da provocação. A coragem deles, na minha opinião, é sempre de enaltecer”, concluiu.