14 set, 2025 - 13:42 • Marisa Gonçalves
A responsabilidade de assegurar os cuidados às grávidas é do Ministério da Saúde e da Direção Executiva do SNS. A posição é reiterada pelo Bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Carlos Cortes, que critica as falhas nas urgências de obstetrícia no Hospital Garcia de Orta, em Almada.
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Este sábado, os médicos prestadores de serviços que iam assegurar a urgência daquela unidade hospitalar mostraram-se indisponíveis para cumprir a escala.
Em comunicado, o Ministério da Saúde justificou a situação com a indisponibilidade comunicada à última hora por médicos em regime de prestação de serviços.
Em declarações à Renascença, o bastonário Carlos Cortes fala numa situação “inaceitável”, numa região já de si carenciada de cuidados médicos.
"Tem uma área de influência de 800 mil habitantes e têm existido, nestes últimos anos, imensas dificuldades na resposta a esta área. Para a Ordem dos Médicos é incompreensível porque nós agora percebemos que não há um sistema de redundância, não há sistema de reserva para situações de imprevistos de última hora, independentemente do motivo pelo qual esse imprevisto aconteceu. Tinha de haver a capacidade de a Direção executiva dar uma resposta imediata."
Recentemente, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, tinha assegurado que, a partir de setembro, a urgência de Almada estaria a funcionar em pleno, com a contratação de uma nova equipa de obstetras.
O bastonário da Ordem dos Médicos defende a valorização dos profissionais de saúde e entende que a solução não passa pela contratação de médicos tarefeiros.
"Hoje, é o culminar de uma situação que já se iniciou há muitos anos. É a aposta na prestação de serviço, os chamados tarefeiros, e agora temos esta situação de grande instabilidade em todos os hospitais. Não é só na península de Setúbal. Por exemplo, Vila Franca de Xira sabemos que está a trabalhar com grandes dificuldades em termos da resposta em obstetrícia, a Grande Lisboa, também Leiria e Aveiro. Todos esses são pontos vermelhos na resposta em obstetrícia", reforça.
A urgência de obstetrícia e ginecologia do Hospital Garcia de Orta, em Almada, apenas está a receber utentes referenciados pelo CODU/INEM. Na mesma circunstância estão as urgências de Setúbal, Loures, Vila Franca de Xira e São Francisco Xavier.
Encerrados estão os serviços de urgência de ginecologia e obstetrícia no Barreiro, em Abrantes e em Aveiro.