18 set, 2025 - 08:00 • Rita Vila Real
A presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), Carla Tavares, diz, em entrevista à Renascença, que está "praticamente tudo feito" no combate *a desiuladade salarial entre mulheres e homens, nas não é possível mudar mentalidades "por decreto.
"No que se refere à lei, praticamente temos tudo feito, mas ainda que tenhamos leis boas e leis avançadas e que estão a produzir bons resultados, há uma coisa que não conseguimos mudar por decreto, que são as mentalidades, é a cultura."
Em Portugal, as mulheres ganham, em média, menos 12,5% do que os homens, como indica o Barómetro das Diferenças Remuneratórias entre Mulheres e Homens. A sétima edição deste estudo, publicado em 2025 tendo em conta valores recolhidos no ano de 2023, acompanha "uma evolução ao nível destas diferenças, sendo certo que isso é bom e é positivo assinalarmos".
"As diferenças têm vindo a diminuir, mas a um ritmo muito lento", adverte, contudo, Carla Tavares.
A diferença salarial entre os géneros deve-se a vários fatores que se verificam no perfil do mercado de trabalho: "Desde logo, o facto das mulheres ainda continuarem subrrepresentadas em alguns setores de atividade que são mais bem remunerados, enquanto, por outro lado, estão mais representadas nos setores de atividade que continuam a ser subvalorizados."
"ambém temos aquilo a que nós chamamos a segregação vertical, ou chamados tetos de vidro,algo que tem a ver com o facto de as mulheres continuarem a ter mais dificuldade em aceder aos lugares de chefia, de direção, de decisão, quando comparadas com os homens", acrescenta.
A presidente da CITE diz ainda que "a forma desigual e desequilibrada como mulheres e homens continuam a partilhar as tarefas e as responsabilidades domésticas incide ainda muito sobre as mulheres, que são penalizam no mercado de trabalho e sobretudo em termos salariais".
Na luta pela igualdade, Carla Tavares diz que o trabalho mais difícil é o de "sensibilizar as pessoas para a necessidade de haver equilíbrio dentro da casa, no âmbito das dinâmicas familiares, porque efetivamente as mulheres continuam a ser mais sobrecarregadas no que se refere às questões de tratar da casa e dos filhos, e isso tem implicações ao nível do trabalho".
"Tem de deixar de haver uma penalização, muitas vezes já enraizada, de que as mulheres porque são mães, depois isso tem uma implicação negativa na forma como prestam o seu trabalho e como desempenham as suas funções, o que não é verdade. Aliás, não há estudo nenhum que diga que a maternidade tem um efeito negativo naquilo que é a prestação de trabalho das mulheres, a sua produtividade e a forma como se dedicam àquilo que fazem", salienta.
Apesar dos valores qua ainda ditam uma distância até atingir a igualdade salarial, Carla Tavares realça que "Portugal é um país pioneiro, fomos dos primeiros países a adotar uma lei específica de promoção da transparência regeneratória como forma de alcançar a igualdade salarial, e por força disso, em 2023, e novamente em 2025, as empresas que apresentaram uma diferença salarial entre mulheres e homens superior a 5% foram notificadas para procer à avaliação dessas diferenças remuneratórias".
Carla Tavares diz que "desejava mesmo muito, enquanto sociedade, que olhássemos para as mulheres de outra forma e que elas deixassem de ser penalizadas", remata a Presidente da CITE.