04 nov, 2025 - 11:05 • Ana Fernandes Silva , João Malheiro
O Sindicato Nacional do Porto da Guarda Prisional (SNCGP) avisa que pode acontecer uma catástrofe nas prisões portuguesas, mais tarde ou mais cedo.
O alerta é dado à Renascença na sequência de um intruso não identificado ter entrado na cadeia de Alcoentre e deixado um saco com droga, telemóveis e bebidas alcoólicas na janela de um recluso.
Frederico Morais diz que as prisões estão numa situação de rutura e deixa duras críticas à gestão do diretor-geral dos Serviços Prisionais, Orlando Carvalho.
"Não sou ninguém para pedir demissões às pessoas, porque são cargos políticos. É diretor de estabelecimentos prisionais há mais de 20 anos, não se compreende, tem de se rejuvenescer", apela.
O representante sindical refere que os diretores de estabelecimentos prisionais são os responsáveis pela atual situação de rutura.
"Depois da catástrofe acontecer, toda a gente vai querer tomar medidas. Eu queria evitá-la", sublinha, ainda.
Orlando Carvalho deixou o Estabelecimento Prisional de Coimbra e assumiu a chefia da Direção-Geral de Reinserção e dos Serviços Prisionais (DGRSP), no final de 2024. Entre 2007 e 2013, foi diretor do estabelecimento prisional de Vale de Judeus.
O número dois da DGRSP é Paulo Rio, que dirigia até agora o estabelecimento prisional do Funchal.
Guardas prisionais detetaram, na madrugada de segunda-feira, numa camarata da cadeia de Alcoentre, um saco com 30 telemóveis, drogas, bebidas alcoólicas e uma corda.
Há cerca de um mês e meio, os guardas de Alcoentre detetaram um outro intruso a deixar "um saco com diverso material ilícito", como telemóveis, vaporizadores e facas, que após a ameaça de tiros disparados para o ar acabou por ser capturado e entregue à GNR local.
O SNCGP pede a intervenção direta e urgente da ministra da Justiça nos serviços prisionais, pois "alguém terá de resolver as questões de falta de segurança nas cadeias" portuguesas.
O sindicato reforça que o Estabelecimento Prisional de Alcoentre "sofre atualmente de uma elevada falta de efetivo, que leva à sobrecarga do pessoal do Corpo da Guarda Prisional, que se vê privado do gozo de tempos de descanso compensatório por trabalho extraordinário realizado".