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Em Fafe, todos elogiam o “amigo” Marques Mendes

07 fev, 2025 - 01:26 • Manuela Pires

Dezenas de pessoas juntaram-se em Fafe para a apresentação da candidatura de Marques Mendes à Presidência da República. Os amigos do partido Miguel Macedo, Silva Peneda e Álvaro Amaro não faltaram à chamada.

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Em Fafe, todos elogiam o “amigo” Marques Mendes

Mesmo no centro da cidade de Fafe, a praça 25 de Abril acolhe o memorial aos Presidentes da República, uma intervenção de arte urbana que foi inaugurada em 2022 para assinalar o primeiro ciclo das “Conferências de Fafe”. São cinco peças em metal, cada uma com uma fotografia de cada Chefe de Estado da democracia, Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio, Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa.

Ora, a próxima fotografia bem pode ser de Luís Marques Mendes. O antigo líder do PSD, que tem raízes familiares em Fafe, escolheu a cidade onde cresceu para apresentar a candidatura à Presidência da República.

Duas horas antes desse anúncio, no centro da cidade, Albino Araújo, de cachecol enrolado no pescoço, confessa à Renascença que é amigo de Marques Mendes.

“Nós somos muito amigos. Foi sempre boa pessoa, muito inteligente, é uma joia de pessoa, muito educado e tem todas as condições para ser Presidente da República”, refere.

Albino Araújo integrou a Assembleia Municipal de Fafe quando Marques Mendes era vice-presidente (com apenas 19 anos) e desfia elogios ao candidato.

“Ele é muito correto, muito honesto e tem muita capacidade mental, é muito culto, sabe conversar, sabe analisar as coisas.”

Albino não percebe porque é que já se anda a falar das eleições presidenciais que só se realizam daqui a um ano, mas tem a certeza que um militar não serve para o cargo. “Um militar está há muitos anos ligado às forças armadas e não à política como os outros.”

Um pouco mais adiante, Francisco Chagas diz à Renascença que não estranhou que Marques Mendes escolhesse a cidade de Fafe para anunciar a candidatura, porque é muitas “vezes visto na cidade”.

Francisco não gosta da política nem dos políticos, e aponta o almirante Gouveia e Melo como um adversário de peso. “É uma pessoa muito mais conhecida, lembramo-nos do Corona, que também teve as suas gaffes, mas acho que pode ser também um bom candidato”, refere.

Quase todos os fafenses que falaram com a Renascença são amigos do candidato e falam de um homem íntegro, honesto e bom de bola.

“Jogava muito bem, era guarda-redes, só que ele era baixinho, percebe? Mas era um bom guarda-redes”, refere outro amigo, sentado na praça 25 de Abril ao lado da mulher.

Júlia vai ter saudades de o ouvir todos os domingos à noite na televisão. “Adoro, adoro ouvi-lo, não vou para do canal quando ele está a falar, porque ele sabe aquilo que diz e fala muito bem.”

Duas horas depois, no auditório do Lar António Marques Mendes, da Santa Casa da Misericórdia, Marques Mendes fica “sensibilizado” com tantas pessoas que o quiseram acompanhar, e demora alguns minutos a chegar ao palco, tantos sãp os abraços e os beijinhos.

A maior parte são pessoas da terra, mas o antigo líder do PSD contou com os amigos do partido, Silva Peneda, Miguel Macedo, Álvaro Amaro ou Ricardo Rio.

Miguel Macedo diz que, apesar das sondagens, Marques Mendes “tem todas as possibilidades” e tal como o candidato diz que “é preciso muita experiência política e com provas dadas de fazer consensos no passado possa contribuir para que o país possa avançar”.

O antigo ministro e dirigente social-democrata considera que é muito cedo para apresentar candidaturas para as eleições presidenciais que só ocorrem daqui a um ano, mas também reconhece que todo o calendário se precipitou.

“Eu não sei como se gere uma campanha a um ano das eleições. Acho que é cedo demais, mas é um facto que a velocidade da corrida presidencial se precipitou e vejo difícil como fazer esta campanha presidencial”, diz Miguel Macedo, quando questionado pela Renascença.

“O tempo que vivemos não aceita política sem experiência. Não é tempo de tiros no escuro.”

Marques Mendes apresentou a candidatura rodeado de amigos e em pouco mais de 20 minutos definiu as prioridades, apontou os compromissos e as causas de uma candidatura.

Mendes aposta na experiência política de quase 50 anos como um trunfo para chegar a Belém, diz que é decisiva e, sem nunca referir qualquer possível adversário, garantiu que não é tempo de tiros no escuro.

“O tempo que vivemos nem aceita política sem princípios, nem recomenda política sem experiência. Não é tempo de aventuras, experimentalismos ou tiros no escuro”, disse.

E se a experiência política é essencial, a ética tem de andar de braço dado com a política. Marques Mendes lembrou que foi ele o primeiro líder de um partido a retirar o apoio político a dois autarcas, em 2005, que estavam envolvidos em casos judiciais. “Há 20 anos, tomei a decisão de afastar alguns autarcas do meu partido em nome da ética e da credibilidade.”

“A situação que há anos se vive em Portugal não é aceitável. Sejamos claros: as eleições legitimam um político, mas não o dispensam da ética. Pelo contrário, reforçam essa exigência”, concluiu o candidato a Belém.

No discurso de apresentação da candidatura, Marques Mendes não ficou pelo problema e referiu que os partidos têm de alterar funcionamento e o parlamento deve poder suspender deputados que tenham comportamentos desviantes.

“Os partidos devem criar desde logo dentro de si órgãos de natureza ética à semelhança do que já dispõe nos planos disciplinar e financeiro. É importante que o Parlamento disponha de instrumentos para poder suspender deputados que têm comportamentos desviantes, chocantes e eticamente censuráveis” disse.

Marques Mendes quer unir Portugal, considera que já deu provas de que é capaz de fazer pontes para garantir a estabilidade política e para além dos compromissos, ética, estabilidade e ambição, esta candidatura tem também várias causas, o combate à pobreza e à violência doméstica, a causa da segurança e da imigração devidamente regulada e a natalidade.

Tal como Marcelo Rebelo de Sousa e Mário Soares, Marques Mendes decidiu também entregar o cartão de militante do partido, para mostrar que em Belém será independente e isento.

“Não por renegar origens e convicções, porque isso nunca farei, mas para num ato simbólico reafirmar o meu compromisso com uma magistratura de isenção, independência e imparcialidade”, prometeu o candidato à Presidência da República.

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