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Crise política

Quando cai o Governo? Quando há eleições? O calendário político dos próximos meses

06 mar, 2025 - 20:39 • João Pedro Quesado

Perceba as datas importantes da vida política nacional em 2025, condicionadas pelas prováveis eleições legislativas antecipadas, pelo fim do mandato de Marcelo Rebelo de Sousa e pelas obrigatórias eleições autárquicas.

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O chumbo anunciado da moção de confiança apresentada pelo Governo vai colocar em Marcelo Rebelo de Sousa, de novo, a decisão do que acontece ao Parlamento e do calendário que vai comandar a vida dos partidos políticos nos próximos meses. Com os prazos inscritos na Constituição, lei eleitoral e ainda as declarações do Presidente da República esta quarta-feira, já é possível prever as datas importantes dos próximos meses.

11 de março, terça-feira

O Governo entregou esta quinta-feira a moção de confiança no Parlamento, depois de a aprovar em Conselho de Ministros. Pedro Duarte, ministro dos Assuntos Parlamentares, disse haver condições para a votação ocorrer na próxima terça-feira, que será o “terceiro dia parlamentar subsequente” à entrada da moção na Assembleia da República, estipulado pelo regimento do órgão legislativo como a data de debate de uma moção de confiança.

Com votos contra anunciados do PS, Chega e das forças que votaram a favor da moção de censura desta quarta (PCP, BE, Livre e PAN), o chumbo da moção de confiança é certo. E, segundo o artigo 195.º da Constituição, a “não aprovação” de uma moção de confiança implica a demissão do Governo.

12 de março, quarta-feira

Seguindo o calendário mental que o Presidente da República explicou aos jornalistas na quarta-feira, o dia seguinte ao chumbo será para receber, no Palácio de Belém, os partidos políticos com assento na Assembleia da República.

13 de março, quinta-feira

Continuando no mesmo calendário, Marcelo Rebelo de Sousa vai ouvir o Conselho de Estado no segundo dia depois do chumbo da moção de confiança. Esse passo, assim como o de ouvir os partidos, é constitucionalmente necessário antes de uma dissolução do Parlamento.

A habitual comunicação ao país do Presidente da República pode acontecer logo a seguir ao Conselho de Estado, no mesmo dia.

23 de março, domingo

eleições legislativas antecipadas na Madeira na antecâmara das legislativas nacionais – tal como aconteceu em 2024, com a assembleia regional dos Açores.

11, 18 ou 25 de maio

São os três primeiros domingos em que é possível realizar eleições. Tudo depende da rapidez de Marcelo Rebelo de Sousa e dos partidos na próxima semana.

A antecedência mínima para a marcação de eleições em caso de dissolução é de 55 dias, segundo a lei eleitoral da Assembleia da República. Caso a dissolução seja publicada até ao dia 17 de março (domingo), é possível ter eleições a 11 de maio – resta perceber se os partidos o querem.

Se as eleições forem a 11 de maio, a campanha eleitoral será entre 27 de abril e 9 de maio, com as listas de candidatos a terem de ser entregues até 31 de março.

Se as eleições forem a 18 de maio, a campanha eleitoral será entre 4 e 16 de maio, com as listas de candidatos a terem de ser entregues até 7 de abril.

Se as eleições forem a 25 de maio, a campanha eleitoral será entre 11 e 23 de maio, com as listas de candidatos a terem de ser entregues até 14 de abril.

A lei obriga a deixar passar, no mínimo, 55 dias entre a dissolução e as eleições, mas a Constituição obriga a que as eleições aconteçam nos 60 dias seguintes à dissolução. Ou seja, a própria dissolução do Parlamento terá de acontecer durante a segunda metade de março para permitir eleições a partir da segunda metade de maio – o que pode deixar espaço para os deputados terminarem alguns trabalhos que estão a decorrer, como aconteceu na última dissolução.

Entre meados e fim de junho

Em 2024, depois das eleições de 10 de março, Luís Montenegro foi indigitado primeiro-ministro a 21 de março, revelou os ministros a 28 de março, e o Governo tomou posse a 2 de abril. O programa de Governo foi aprovado a 11 de abril.

Se os tempos seguidos desta vez forem os mesmos, pode haver um novo governo em funções cerca de um mês depois das eleições - se houver apoio parlamentar para aprovar o programa de Governo.

Início de julho

O Governo que estiver em funções vai ter que marcar as eleições autárquicas, que devem acontecer entre meados de setembro e meados de outubro. Estas eleições têm de ser marcadas com 80 dias de antecedência.

9 de setembro

O dia em que Marcelo Rebelo de Sousa, a caminho do fim do segundo mandato como Presidente da República, perde o poder de dissolução da Assembleia por estar nos últimos seis meses no poder.

A provável realização de eleições em maio significa que, na verdade, Marcelo Rebelo de Sousa perde este poder no dia das eleições, já que o Parlamento não pode ser dissolvido nos seis meses depois do ato eleitoral.

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  • ADISAN
    07 mar, 2025 Mealhada 16:46
    Não consigo compreender a razão pela qual, após eleições, não seja possível formar um governo de acordo com os resultados das mesmas. Se os políticos fossem verdadeiramente democratas, certamente formariam coligações de acordo com os resultados obtidos por cada partido. Porque não uma coligação PSD/AD com PS à semelhança do que tem acontecido na Alemanha e actualmente em vias de ser outra vez solução para a actual situação? Lá nunca descartam a "Grosse Koalition" , como eles lá chamam, entre os partidos que, embora rivais, sentem que têm o dever de arranjar uma solução. Indo para novas eleições, quem nos garante que não vamos voltar a um novo impasse?

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