11 mar, 2025 - 15:30 • Diogo Camilo , Eduardo Soares da Silva , Filipa Ribeiro , João Pedro Quesado
O primeiro-ministro começou o debate da moção de confiança avançada com uma pergunta: “Há ou não confiança institucional no Governo?”.
Pela terceira vez na Assembleia da República em 19 dias, Luís Montenegro afirmou que quer “evitar a degradação política”, acusando o PS de querer “manter a suspeição em lume brando” e o Chega de “se unir à esquerda para mandar abaixo um governo de centro-direita”.
“A votação de hoje definirá o rumo político do país. A posição do Partido Socialista, o maior partido da oposição, é decisiva e definirá se vamos ter ou não eleições”, refere o chefe de Governo no início do seu discurso.
Montenegro dá depois o exemplo da Alemanha - onde “os socialistas aceitam um governo democrático para fazer frente à extrema direita” -, para questionar se em Portugal “os socialistas se coligam com a extrema-direita para derrubar um governo democrático.
O seu tempo foi depois usado para lembrar o trabalho do Governo, sublinhando que o Executivo garantiu "a estabilidade política" e promoveu "a estabilidade social" e garantindo que a "atividade profissional não teve qualquer influência política", e que não cedeu "a nenhum interesse particular face ao interesse público".
"Não temo o esclarecimento nem o escrutínio", atirou, perante aplausos dos deputados do PSD e CDS.
Depois, Montenegro disse estar disponível para retirar a moção, caso o PS diga o que quer saber sobre a sua empresa familiar, a Spinumviva, e acusa os socialistas de terem um comportamento "que não é digno" da história do partido e confessa estar "chocado" com o maior partido de oposição.
O primeiro-ministro acusa o PS de "não olhar a meios para promover o desgaste lento à procura de tirar proveitos políticos" e afirma que os socialistas usam agora "as mesmas táticas que as políticas" do Chega.
Após uma tarde de negociações em direto na Assembl(...)
Quanto ao Chega, Luís Montenegro diz que André Ventura andou de "mãos dadas" com o PS. Para o primeiro-ministro, o Chega ficará hoje para a história por se "unir à esquerda para deitar abaixo um governo de centro-direita".
O debate da moção de confiança teve início por volta das 15 horas, com a intervenção inicial de Montenegro a ter durado 12 minutos.
O debate, que será encerrado pelo Governo, terá um total de 151 minutos. No final, caso a moção não seja retirada (hipótese já afastada pelo Governo), segue-se de imediato a votação. Além de PSD e CDS-PP, apenas a IL anunciou que votará a favor, com PS, Chega, PCP, BE e Livre a garantirem o "chumbo" do documento.
Se a moção de confiança não for aprovada, tal é comunicado pelo Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para efeitos do disposto no artigo 195.º da Constituição, que determina que a não aprovação de uma moção de confiança implica a demissão do Governo.
Em entrevista à TVI na segunda-feira, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, recusou o cenário de retirar a moção de censura, considerando que tal "não faz sentido", sendo necessário que o parlamento confirme que existem condições para o Governo cumprir o seu programa.
Também numa entrevista televisiva, à SIC, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, afastou igualmente a ideia de um recuo no voto contra à moção de confiança, considerando que os esclarecimentos do primeiro-ministro não são suficientes e que o recurso a este instrumento parlamentar é "um pedido de demissão cobarde".
Em democracia, esta será a 12.ª moção de confiança apresentada por governos ao parlamento, tendo a última sido aprovada em 31 de julho de 2013, no executivo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho.
A confirmar-se o "chumbo", o XXIV Governo será o segundo executivo a cair na sequência da apresentação de uma moção de confiança, depois da queda do I Governo Constitucional, em 1977, dirigido pelo socialista Mário Soares.
O Presidente da República, face a este cenário, já antecipou que as datas possíveis para realizar legislativas antecipadas o mais breve possível são em 11 ou 18 de maio.