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Debate no Parlamento

Oposição aponta "falhas" no apagão. Governo gaba-se de "serenidade" e acusa críticos de "oportunismo"

30 abr, 2025 - 15:06 • Filipa Ribeiro

No parlamento, o ministro da Presidência defende que o Governo "falou quando foi necessário" e que o executivo agiu de forma "serena e competente" e acusa a oposição de "oportunismo numa desgraça que não aconteceu". Para a oposição, o executivo falhou na "comunicação" e na "gestão da crise".

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Dois dias depois do apagão, a Assembleia da República voltou a iluminar todos os corredores para um debate de urgência sobre a crise energética de segunda feira. As portas do plenário abriram para a oposição criticar a "falta de comunicação" do Governo, o Partido Socialista acusar o Governo de "falhar na liderança e na gestão política" e o executivo lamentar os "oportunistas de uma desgraça que não aconteceu".

O Governo foi acusado, esta quarta feira, de ter "falhado na liderança e gestão política" da crise energética que marcou o arranque da semana. Na comissão permanente, no parlamento, o Partido Socialista acusou vários membros do executivo de "terem ficado só a ver", como as ministras da Administração Interna, da Energia e da Modernização.

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Na voz, do deputado Pedro Vaz, os socialistas - sem mencionarem soluções - defenderam que o "Governo falhou na gestão e liderança da crise" acusando-o de "não falhar na propaganda".

Do lado do executivo, a ministra do Ambiente e da Energia, já no encerramento, defendeu que "trabalhou 24 horas em cooperação" com várias entidades. Maria da Graça Carvalho enalteceu que assim que ocorreu a falha de energia a prioridade foi "recolher o máximo de informação" para "tomar decisões no sentido de assegurar a capacidade de resposta nos serviços essenciais".

O Governo defendeu-se sempre realçando que Portugal foi "autossuficiente", dando como exemplo a rapidez em resolver o problema, ao contrário de Espanha "que teve que recorrer a interligações com França e Marrocos".

No entanto, as explicações pouco serviram à oposição que continuou a acusar o Governo de problemas de comunicação. Desde logo, o Partido Socialista que quis que o Governo esclarecesse a rede de contactos desde a comunicação da REN aos contactos do Governo com a Proteção Civil. O PAN a apontar as falhas na comunicação ao país e do SIRESP e o Livre a defender que os problemas relacionados com o SIRESP devem ser colocadas numa comissão parlamentar de inquérito enquanto que a Iniciativa Liberal defendeu que em situações de crise o Governo "deve ser mais proativo e falar a uma só voz" para evitar a "desconfiança" e falta de segurança.

Até a bancada do PSD admite que "falhas na comunicação", mas num tom usado para deixar notas de rodapé ao Partido Socialista. "Mesmo que fosse utilizado o canal de comunicação preferencial do ex-ministro das Infraestruturas iria haver problemas, uma vez que o WhatsApp também não funcionou bem", disse o deputado Salvador Malheiro.

A oposição não compreende ainda o porquê de o país ter recorrido à energia espanhola como o caso do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda. Neste último, a coordenadora Mariana Mortágua recorreu e citou o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) para defender que "é uma ameaça" o facto de a rede elétrica nacional ser "propriedade" de uma alegada empresa chinesa. A deputada sempre defendeu a nacionalização da REN, no entanto, no debate reconhecer que com a crise inesperada, "mesmo que fosse pública, a REN não teria evitado a falha".

O Partido Comunista recordou um dito popular para afirmar ao Governo que "o barato sai caro". A deputada Paula Santos questionou o Governo sobre a real necessidade de Portugal importar a energia. "Essa não devia ser uma solução apenas quando não houver capacidade nacional?", questionou.

Em defesa do executivo, o ministro da Presidência - que juntamente com o ministro dos Assuntos Parlamentares e a ministra da energia representou o Governo - deu poucas explicações adicionais, optando antes por criticar a oposição. Num olhar para o Partido Socialista, António Leitão Amaro disse "lamentar os que, em vez de saudar, tentam ser oportunistas sobre uma desgraça que não aconteceu e que gostavam que tivesse acontecido".

O ministro optou por defender a "serenidade" com que o Governo lidou com o apagão que diz ter sido "grave, inédito e inesperado". António Leitão Amaro admitiu que o "essencial chegou a estar em causa", mas sublinhou - uma vez mais- que Portugal recuperou a electriciidade de forma "mais rápida" que Espanha e afirmou que "enquanto muitos se prendem às críticas com a comunicação, no país ao lado, Portugal é dado como exemplo na gestão da crise".

António Leitão Amaro defende que o Governo "falou quando foi necessário" e que o executivo agiu de forma "serena e competente".

Do lado do Governo, também o CDS lamentou as críticas do Partido Socialista, o deputado João Almeida defendeu que "é mais difícil recuperar o bom senso no PS que a energia elétrica no país".

O único consenso entre todos os partidos no debate desta tarde é a necessidade de tirar conclusões sobre o que aconteceu na segunda feira. Neste ponto, os ministros realçam a necessidade e a vontade do Governo de constituir uma comissão técnica independente.

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