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Legislativas 2025

Ainda há quem não perdoe ao BE o chumbo do OE 2022

08 mai, 2025 - 22:32 • Isabel Pacheco

Quase no fim da primeira semana de campanha, o BE ainda não pôs o pé na rua. Eleitores sentem falta de ver Mortágua e alguns não esquecem a queda do governo de Costa.

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Em Coimbra, o Bloco de Esquerda voltou, esta quinta-feira, a deixar a rua fora da campanha mediática. Optou por uma sessão de conversa com Mariana Mortágua no Teatro da Cerca de São Bernardo, mas há quem sinta falta da candidata no dia a dia do país real.

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No mercado municipal, a pouco mais de cem metros do Teatro, Roberta Pereira, proprietária de uma banca de frutas, tinha algumas palavras para a líder bloquista. Desde logo, um conselho: “fazer alianças políticas”.

“É pena que a população, de uma forma geral, não esteja consciente do projeto de campanha dela”, lamentou a imigrante brasileira, que se revê nas propostas bloquistas, “principalmente em relação à habitação”.

“Acho que o caminho que ela está a fazer não vai ser por aí”, apontou. “Ela tinha de fazer alianças políticas. É aquela velha história: os inimigos têm de estar cada vez mais perto”.

No talho ao lado, Maria Falcão confessou estar ainda ressentida com o Bloco de Esquerda. Não perdoou ainda o chumbo do Orçamento em 2022, que derrubou o Governo de António Costa.

“O BE já me desiludiu de alguma forma”, começou por dizer a comerciante, explicando que foi “no tempo da Catarina Martins”. “Foi naquela altura em que deviam apoiar o governo e deixaram ir isto abaixo”, recordou. “Foram só gastos e continua tudo na mesma”, lamentou.

“Fiquei assim um bocadinho desiludida. E ainda continuo”, rematou.

A inviabilização das contas do Estado há três anos e o mais recente caso das recém-mães despedidas pelo partido são dois episódios que poderão assombrar a campanha do BE, que tem apostado, nestes primeiros dias de estrada, numa estratégia eleitoral mais recatada: sem rua, feiras ou mercados.

Mortágua tem ido ao encontro dos eleitores em ações mais intimistas. Madrugou para acompanhar trabalhadoras domésticas, associou-se à greve dos funcionários da Compal e conversou com trabalhadores por turnos das vidreiras da Marinha Grande.

Sempre em ambiente comedido, mais pensado na imagem para as televisões e redes sociais do que no improviso do contacto direto com a população.

Apesar de a candidata garantir que a esquerda está “com toda a energia”, fica a imagem de uma campanha mais apagada, onde a luta se faz contra a extrema-direita e já se pede o voto útil à esquerda.

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