15 mai, 2025 - 08:31 • Sérgio Costa , Filipa Ribeiro , Susana Madureira Martins , Olímpia Mairos
No dia em que Ucrânia e Rússia podem regressar à mesa das negociações, a Renascença perguntou aos diferentes líderes partidários: “Como aumentar a despesa no setor da Defesa sem comprometer os apoios sociais?”. Uma questão que tem sido ignorada na campanha.
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Recorde-se que a NATO prepara a ampliação dos orçamentos da Defesa para pelo menos 3% do PIB. Meta que poderá ficar definida já na próxima cimeira de junho, em Haia.
Para Portugal, esse valor significa um acréscimo de 3.400 milhões de euro por ano. Seria preciso pedir mais 320 euros por ano a cada português.
“Compromete ou não o estado Social?”, foi a questão colocada pela Renascença aos líderes partidários.
O líder da IL foi o primeiro a responder. Rui Rocha acredita que um bom do investimento na Defesa não irá colocar em causa outras áreas do Estado.
“Nós, fazendo um investimento correto em Defesa, racional em Defesa, estaremos a criar condições para haver mais riqueza no país e, por isso, não só não põe em causa a dimensão social que o Estado tem que assegurar, como poderá criar condições para um crescimento económico que reforce essa capacidade de intervenção do Estado onde é necessário”, entende Rui Rocha.
O líder liberal considera ainda que o investimento no sector da Defesa é uma oportunidade para mudar o perfil económico do país.
“É uma excelente oportunidade para nós alterarmos o perfil da economia portuguesa. Nós temos uma economia de baixo valor acrescentado, felizmente temos turismo, felizmente temos agricultura, mas não podemos ter uma economia assente exclusivamente no turismo”, destaca.
Por isso, o líder liberal assinala que “o investimento em Defesa, bem feito, fazendo participar a academia, fazendo participar as empresas, pode ser uma enorme oportunidade para termos crescimento económico, para termos emprego qualificado e tecnológico em Portugal para os jovens que neste momento estão a abandonar o país porque não encontram soluções”.
“É um investimento que se pagará seguramente a si próprio e mais do que isso trará vantagem ao país no futuro. É esse o caminho que temos de fazer”, completa.
Já o líder do PS, Pedro Nuno Santos, deixa a garantia de que num Governo PS o aumento da despesa em defesa nunca irá comprometer o estado Social.
“Portugal é um país que não só é membro da Aliança Atlântica, como é membro da União Europeia e não se coloca à margem dos esforços de paz que fazem os nossos parceiros europeus ou os nossos parceiros da Aliança Atlântica. Mas neste momento, o esforço que já vamos fazer já é um esforço grande para conseguirmos concretizar os 2% do PIB”, diz Pedro Nuno Santos.
O secretário-geral do PS considera que “é impensável” colocar em causa as questões sociais, explicando que “para defender a nossa democracia, defender o apoio popular à democracia, passa por defender o Estado Social”.
Já Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, acredita que “o Estado Social não pode ser posto em causa por este esforço de paz e de Defesa que é da União Europeia e nosso também”.
"O que nós precisamos é de aumentar o investimento, se for caso disso, se for necessário na defesa, na nossa defesa, na melhoria das condições de trabalho dos militares, na reparação de infraestruturas, no reconhecimento dos direitos dos ex-combatente" — acrescenta Raimundo —"para isso sim, estamos disponíveis para isso, não há nenhuma dificuldade com isso." Mas remata: "Agora, estamos a vender uma ilusão e vai sobrar para cada um de nós pagar essa ilusão."
Ainda segundo o líder comunista, "o dinheiro é o que é: se se tira de um lado tem que se tirar do outro". No final, "vai sobrar para onde sempre sobra: para os serviços públicos, para o Serviço Nacional de Saúde, para as pensões, para os salários é. O Estado Social vai ficar sempre a perder? Claro, é uma evidência. Não é o Estado, é a vida das pessoas."
A Renascença aguarda a resposta dos restantes líderes partidários.