21 mai, 2025 - 12:03 • André Rodrigues
Antigo Presidente da Assembleia da República diz q(...)
O antigo presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, considera que o PS e a AD “tiveram muita responsabilidade no cartório” no crescimento do Chega nas eleições do passado domingo.
Entrevistado por Ana Galvão, Inês Lopes Gonçalves e Joana Marques, no programa As Três da Manhã, da Renascença, Ferro Rodrigues disse que avisou "dirigentes muito importantes do Partido Socialista que o Chega iria subir” e que “o PS tinha uma grande responsabilidade nisso, porque confundia um adversário, que é o PSD, com um inimigo da democracia, que é a extrema-direita”.
Na única ação de campanha em que participou, na sexta-feira anterior às eleições, o antigo ministro e dirigente socialista transmitiu aos altos responsáveis a sua “impressão negativa” pela forma como o partido de André Ventura “passou totalmente impune por esta campanha”, tirando partido da forma como o confronto exacerbado entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos subestimou a margem de crescimento do Chega.
“Os partidos pensaram que aquilo que se tinha passado com o grupo parlamentar do Chega na sessão anterior era suficiente para elucidar os portugueses da natureza daquele grupo parlamentar e da necessidade da sua redução ao mínimo”, diz.
Vídeos publicados nas redes sociais mostram o líde(...)
Questionado sobre o resultado do PS, o terceiro pior da história do partido em legislativas, Ferro Rodrigues evita dramatizar e lembra que esta “não é a primeira vez que [o partido] passa por uma situação destas”.
Num paralelismo com desfechos eleitorais semelhantes no passado, o antigo presidente do Parlamento recorda que, depois da liderança de Mário Soares, apareceu o PRD, “que não era um partido de extrema-direita, era um partido da área do Partido Socialista, inspirado pelo general Ramalho Eanes, que reduziu o PS a percentagens bem inferiores àquelas que o PS teve no domingo”.
Ferro avisa que não vê “de ânimo ligeiro” os resultados do passado domingo, mas “não penso que seja qualquer coisa que não possa mudar”, defende. O PS “é um partido que tem causas, tem convicções, tem um programa”.
O antigo dirigente do PS sublinha que aquilo que acontece em Portugal “aconteceu em todos os países da Europa: se formos ver os mapas eleitorais em França, em Espanha, na Itália, em que a esquerda-direita tem crescido muito, passou-se de um discurso às vezes extremado à esquerda para uma prática extremada à direita, com consequências eleitorais”.
“Isso deve interpelar toda a esquerda… o Bloco entrou em vias de extinção; o Partido Comunista tem três deputados… é uma situação impensável”, alerta Ferro Rodrigues, que acusa estes partidos de terem lutado sempre contra o voto útil “e, portanto, fazendo da luta contra o PS a questão fundamental… espero que todos tenham aprendido alguma coisa”, remata.