24 mai, 2025 - 17:37 • Susana Madureira Martins
“Tudo indica que o secretário-geral [do PS] será José Luís Carneiro”. Foi com esta frase que Carlos César, presidente do partido, deu como certo que o ex-ministro da Administração Interna será eleito líder socialista, referindo-o como “o candidato mais forte, mais consolidado, mais conhecido” nas diretas marcadas para os dias 27 e 28 de junho.
A Comissão Nacional aprovou “por larga maioria”, segundo o próprio César, a proposta de calendário, ficando apenas por agendar o Congresso do partido, que deverá realizar-se após as eleições autárquicas do outono.
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No final da reunião, José Luís Carneiro quis deixar a garantia de “estabilidade política”, que, de resto, já tinha sido transmitida por Carlos César à entrada da Comissão Nacional, deixando claro que o PS irá viabilizar o programa de Governo da AD.
“Compreendemos bem a mensagem que nos foi endereçada e o PS, naquilo que de si depender, tudo fará para contribuir para a estabilidade política do país. Foi isso que os cidadãos nos pediram durante o decurso da campanha eleitoral e é esse o compromisso que nós procuraremos garantir”, afirmou Carneiro aos jornalistas.
Mas, para o candidato à liderança do PS, “compete ao Governo, à AD, maioritariamente votada, dar, naturalmente, o primeiro passo para que esse diálogo se possa encetar”. Os socialistas admitem ceder à AD, mas é preciso que Luís Montenegro queira dialogar.
Carneiro quis ainda deixar um sinal para dentro do partido, garantindo que todos os que queiram podem fazer parte do seu projeto e da sua direção, caso seja eleito. “Naturalmente, há diferentes sensibilidades, formas de pensar diversas sobre o mundo, sobre as opções de política, e aquilo que eu garanti aos meus camaradas foi que só quem não quiser não estará nos órgãos de direção ou nas estruturas de responsabilidade do PS”, assegurou o ex-ministro.
Trata-se de tentar a unidade do partido e responder a todas as sensibilidades, após o colapso eleitoral de domingo. Uma garantia que Eurico Brilhante Dias, apoiante de primeira hora de Carneiro, já tinha abordado numa entrevista à Renascença. “Uma solução de unidade e de inclusão”, nas palavras de Carneiro.
PS
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Depois de Pedro Nuno Santos, ex-líder de facto do PS, ter pedido ao partido uma “reflexão estrutural” sobre o futuro, é mais ou menos unânime o entendimento de que é urgente a reorganização interna, “reativar a liderança, torná-la legítima e efetiva”, nas palavras de Carlos César, de modo a “travar com sucesso as próximas batalhas eleitorais”, nomeadamente as autárquicas.
Carlos César surge como elo de transição entre o consulado de Pedro Nuno Santos, associado à ala mais à esquerda do PS, e o de José Luís Carneiro, identificado com uma vertente mais moderada do partido. Nas declarações aos jornalistas, César apresentou esse histórico ao falar da candidatura “forte” e “agregadora” de Carneiro.
“As minhas funções como presidente do partido são de assegurar que estas eleições decorrem com oportunidades para todos, mas eu tenho um trabalho já antecedente em conjunto com o Dr. José Luís Carneiro, quando ele foi secretário-geral adjunto e eu era presidente do partido, e até presidente do Grupo Parlamentar. E, portanto, se há alguém que sabe trabalhar com ele, um deles é o atual presidente do PS”, afirmou.
Até certa altura próximo de António Costa, e parte do núcleo duro de Pedro Nuno Santos, César acrescenta-se agora, como presidente do partido, ao círculo próximo de José Luís Carneiro, cuja liderança no PS dá como praticamente certa.
“É uma pessoa com provas dadas, é uma pessoa que conhece não só profundamente o partido, como a sociedade portuguesa, como as diferentes áreas do poder, e representará, sem dúvida, se for eleito, com muita dignidade e com muita eficiência, o Partido Socialista”, sintetizou César.
“Ele já deu provas disso em diversas funções que desempenhou e terá, naturalmente, este grande desafio de renovar essas suas provas positivas na liderança do PS”, acrescentou o presidente socialista, garantindo que José Luís Carneiro não será um líder de transição, mas “um líder efetivo, que tem um mandato a cumprir”, mandato esse que “será depois complementado” com a realização do Congresso.
César também confirmou que José Luís Carneiro terá de assumir os órgãos de direção eleitos no consulado de Pedro Nuno Santos, nomeadamente o Secretariado Nacional e a Comissão Política. O “ajustamento” desses órgãos poderá, contudo, ser feito “de forma que ele tenha maior intimidade, maior complexidade com a equipa executiva que estiver com ele”.
Ou seja, os órgãos de direção poderão ser ajustados à medida do novo líder, que fica com luz verde do presidente do partido para, segundo César, “introduzir algumas modificações, melhorando a cumplicidade e a proximidade que as pessoas que têm que gerir algo necessitam dos seus colaboradores”.
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