09 jun, 2025 - 06:30 • Susana Madureira Martins
Os transportes públicos em Lisboa já são gratuitos para os jovens até aos 23 anos e para pessoas a partir dos 65. O PS quer agora alargar o passe Navegante municipal a todos os residentes no concelho e a medida deverá constar do programa eleitoral que a candidata socialista à câmara da capital, Alexandra Leitão, irá apresentar, tudo indica, no início de setembro.
Em declarações à Renascença, a candidata à autarquia de Lisboa explica que a estimativa é que a medida tenha um impacto que financeiro de “cerca” de 30 milhões de euros por ano, pagos pela própria autarquia em indemnizações às empresas de transportes, nomeadamente a Carris, CP, Metro e Fertagus.
Alexandra Leitão explica ainda que o objetivo do PS é fomentar uma “mobilidade mais sustentável”, defendendo que se trata de uma medida de “justiça social”, salientando que o setor dos transportes “é responsável por um quarto de todas as emissões totais de gases com efeitos de estufa, sendo que o carro privado pesa mais de metade nestas emissões”.
Na sequência desta medida, a candidata do PS considera que também é preciso apostar em paragens de autocarro e estações “com mais conforto”, lamentando que “algumas delas nem sequer protegem totalmente quem espera pelo autocarro” e investir numa “frota melhor e com mais reforço da oferta e fiabilidade do serviço, o que passa também, por exemplo, por mais corredores bus”.
A candidata do PS refere ainda que os transportes são, “logo a seguir, à habitação e à alimentação, a despesa que representa mais para as famílias portuguesas, aliás bastante próximo da alimentação, e, portanto, esta gratuidade acaba por também ter uma dimensão de justiça social, tornando assim mais acessível ou totalmente acessível o transporte público”.
Com a candidatura à câmara de Lisboa apresentada desde 8 de março, Alexandra Leitão evita comentar que o atual autarca, Carlos Moedas, ainda não tenha sequer anunciado se é recandidato ao cargo. “O caminho dos outros será o caminho que queiram seguir”, responde a candidata socialista.
A campanha do PS em Lisboa está no terreno há vários meses, tendo sido atropelada, como todas as outras candidaturas autárquicas, pelas eleições legislativas de maio. “Apesar de o calendário eleitoral e político em Portugal ter tido as vicissitudes, em que várias coisas aconteceram, eu mantive sempre o meu rumo firme, desde que apresentei a minha candidatura à Câmara de Lisboa”.
Alexandra Leitão já chegou a sugerir no programa Hora da Verdade, da Renascença e do jornal Público que Moedas tem evitado dizer se é recandidato porque esteve à espera do resultado das eleições de maio para definir o seu próprio futuro e garante agora que o seu “foco” e “prioridade” são “muito claros” e passam pela candidatura à câmara de Lisboa, “apesar de termos tido eleições legislativas pelo meio”.
Nas entrelinhas, a dirigente socialista, que nunca escondeu que não descarta, no futuro, uma corrida à liderança do PS, deixa implícito que o resultado das legislativas não pesou nem condicionou o seu próprio percurso na corrida autárquica a Lisboa.
Alexandra Leitão continua, entretanto, a manter contactos com “outros partidos políticos” e com independentes com o objetivo de formalizar uma coligação pré-eleitoral para concorrer à câmara de Lisboa. A CDU já se colocou de fora de um acordo à esquerda e a candidata socialista diz que já houve “conversas informais” com o Livre, o Bloco de Esquerda e o PAN.
“Veremos o que é que acontece, mas estamos abertos a ir em conjunto ou dentro de uma candidatura liderada pelo PS em que a visão para a cidade seja a mesma”. Mas até agora não há qualquer acordo à vista, nem há previsão para quando deverá estar fechado.
Por fechar está também a data das autárquicas, sendo que cabe ao Governo marcar o dia. Ao que a Renascença apurou, 28 de setembro é a data mais consensual entre os partidos para a realização das eleições, sendo que o executivo tem até 10 de julho para as marcar.