17 jun, 2025 - 21:59 • Tomás Anjinho Chagas
Pedro Passos Coelho, antigo primeiro-ministro, insiste que está "fora de questão" concorrer às eleições presidenciais de 2026.
À margem da apresentação do livro "My Body, My Life", que junta textos anti-aborto, o antigo líder do PSD lembrou que está fora da vida política ativa e que é assim que quer estar.
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"Não, isso está fora de questão", começou por responder quando a pergunta dos jornalistas era diretamente sobre a corrida a Belém do próximo ano. Falando de um modo mais geral, foi menos assertivo: "O futuro a gente não sabe o que é, felizmente. Ele é indeterminado, mas já disse que estou fora do debate público e político, e assim desejo manter-me", afirmou.
O antigo primeiro-ministro assina o prefácio desta publicação, que junta dezenas de textos pró-vida, contra o aborto, no ano passado, altura em que o dossier foi reaberto a reboque de propostas dos partidos à esquerda, que queriam aumentar o prazo para a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG). Tanto esses projetos, como os da direita, que queria restringir o acesso ao aborto, acabaram chumbados.
Neste texto, Pedro Passos Coelho mostra-se contra o "relaxamento" das regras da IVG, vinca que esteve sempre no "campo da defesa da despenalização" do aborto e critica quem tem uma posição de "cancelamento" em relação a quem é contra.
Teresa de Melo Ribeiro, advogada e uma das coordenadoras desta publicação, critica o que considera ser a dualidade de critérios quando se volta a colocar a Interrupção Voluntária da Gravidez no espaço público, por se considerar que o tema está encerrado sempre que a posição é contra o aborto, e nem sempre ser assim
"Sempre que alguém quer alargar os prazos, restringir o direito à objeção de consciência, no fundo para facilitar o aborto, já não é um assunto encerrado. Há aqui, não digo uma hipocrisia, mas pelo menos uma dualidade de critérios", afirma a coordenadora.
Esta advogada pró-vida é a favor da reversão da lei do aborto, mas considera que esse processo deve ser acompanhado de um novo referendo ao tema, uma vez que foi isso que aconteceu quando a primeira lei do aborto foi aprovada.
"Politica e eticamente, a alteração ao prazo do aborto, quer para aumentar ou diminuir, acho que deveria ser precedido de referendo", argumenta Teresa de Melo Ribeiro, que rejeita que se a nova maioria de direita decidir revogar leis, isso não significa um "retrocesso civilizacional"
Isilda Pegado, antiga deputada do PSD e autora de um dos textos presentes neste livro, critica a tentativa de alargar o prazo para o aborto e considera que esta não é muitas vezes uma decisão verdadeiramente livre.
"A larga maioria das mulheres pratica o aborto por falta de condições económicas para ter os filhos que queria ter. Isto não é liberdade, é escravidão", afirma a antiga deputada em declarações aos jornalistas.
Isilda Pegado considera que o aborto se tornou "uma solução para a pobreza".