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Programa de Governo

Governo critica "apagão político" que arrastou país para eleições. Moção de rejeição chumbada

18 jun, 2025 - 10:28 • Tomás Anjinho Chagas , Susana Madureira Martins

Oposição da esquerda à direita criticou em coro o Governo. Executivo diz que as eleições de 18 de maio foram "reset" à política portuguesa e afirmou que a AD está "no meio" da política. Moção de rejeição proposta pelo PCP foi chumbada.

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Está chumbada a moção de rejeição ao programa de Governo da AD, proposta pelo PCP. Após dois dias de debate no Parlamento, esta quarta-feira o texto dos comunistas teve os votos contra do PSD, CDS-PP, Chega, Iniciativa Liberal, PS e JPP. O PAN absteve-se e o Livre, Bloco de Esquerda e PCP votaram a favor.

O resultado da votação foi aplaudido pelas bancadas que suportam o Governo da AD - PSD e CDS-PP - com o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, a desejar "boa sorte" ao primeiro-ministro. "Muito boa sorte ao Governo. A sorte do Governo será a sorte dos portugueses".

No encerramento do debate, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, pediu que "as oposições cumpram a sua palavra, que querem fomentar a estabilidade, que estão à altura da estabilidade". O número dois do Governo prometeu ainda "contas justas" em vez de "contas certas".

PCP e o "trio" que vai suportar o Governo e a política que "cheira" a Troika

Logo no arranque do debate desta quarta-feira, o líder do PCP, Paulo Raimundo, a dizer que acredita que o Chega, o PS e a Iniciativa Liberal são "o trio" que vai suportar o Governo e a sua "política que cheira a Troika".

Durante o arranque do debate do segundo dia de apresentação do programa de Governo, no Parlamento, o secretário-geral comunista afirmou que ao não aprovarem a moção de rejeição - apresentado pelo PCP, que será votado ainda esta terça-feira - os restantes partidos ficam vinculados a este documento.

"Está claro, por aquilo que se ouviu, que o Chega, a Iniciativa Liberal e o Partido Socialista são o trio que vai suportar a sua polítca que cheira a Troika", atira o líder do Partido Comunista Português.

O último dia de debate, no Parlamento, multiplicam-se as críticas ao Governo. Da esquerda à direita, os partidos lamentam as políticas erradas ou pouco ambiciosas.

IL: PSD não quer reformar, quer governar

Pela Iniciativa Liberal, foi Mariana Leitão, líder parlamentar e candidata (até agora única) à liderança do partido, a tomar a dianteira. Com um discurso duro e altamente ideológico de crítica ao funcionamento do Estado, a líder da bancada dos liberais virou-se para o Governo que agfora tem um ministério da Reforma do Estado.

"O PSD não quer reformar o Estado, quer governar o Estado tal como ele está. Com as suas estruturas, os seus interesses, os seus bloqueios. No fundo, quer apenas uma gestão mais competente do imobilismo", atirou Mariana Leitão.

A candidata à sucessão de Rui Rocha fala num Governo que não quer reformar o Estado, mas antes uma "tentativa de emendar" e quer "substituir esse Estado por um que saia da frente da vida das pessoas e empresas".

PS: "Não seremos assessores do Governo"

Pela vez do PS, também foi o provável sucessor na liderança a discursar. José Luís Carneiro avisou que, apesar de todas as áreas em que admite consensos com o Governo, o papel do PS "não é auxiliar, é de fiscalizar e legislar".

Carneiro avisa: "Não seremos assessores do Governo". O provável próximo líder socialista pede ao Governo respeito quando vier ao Parlamento ser escrutinado pelos deputados.

Chega: "PM joga fora de jogo"

O Chega aproveitou a metáfora futebolística de Montenegro, que esta terça-feira disse que joga com "os dois pés", para lamentar que o primeiro-ministro tenha "dois pés esquerdos", e jogue "fora do campo, fora da linha e fora de jogo".

André Ventura considera que "Luís Montenegro, dentro ou fora de campo, nunca foi diferente de António Costa", e acredita que o primeiro-ministro traz a "mesma equipa" que "não traz nada de novo ao país".

"Nós levamos e levaremos a sério o trabalho de liderar a oposição, mas nunca contará com um partido que seja só uma muleta. Não conte mais com a oposição feita ao estilo PS ou PSD", desfere.

O líder do Chega acredita que "não começa bem", atirou-se ao PS, lamentou a falta de investimento no combate aos incêndios e pediu uma "pensão digna" para todos os ex-combatentes em Portugal.


Aguiar-Branco pede a Ventura "respeito" pelos deputados e pelos governantes

Após a intervenção inflamada de André Ventura a partir da tribuna, o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, a pedido da bancada do Livre, repreendeu o líder do Chega por algumas das expressões que usou e pela "imputação da prática de ilegalidades na lógica de bandido", pedindo "respeito com os outros deputados que fazem parte do hemiciclo".

Uma interrupção do presidente do Parlamento que pede para o líder do Chega "evitar esse tipo de observação" e que Ventura trate os deputados e os governantes não por "você", mas pelos respetivos nomes ou cargo.

PSD: "Quem quiser cooperar encontrará deste Governo total abertura"

O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, braço direito do primeiro-ministro, fala para as diferentes oposições e avisa: "Quem quiser cooperar encontrará da para te deste Governo total abertura, mas quem quiser bloquear encontrará total oposição".

Hugo Soares refere ainda a estabilidade política como sendo um "bem comum" e salienta que o país "não aguenta legislativas de ano a ano". Fica o pedido: "É essencial que esta legislatura não seja desperdiçada".

Respondendo à questão sobre com quem vai op Governo governar, o dirigente do PSD responde: "O governo vai governar com os portugueses e eles não perdoarão a quem desperdiçar o seu esforço"

Governo critica "apagão político" que levou país a eleições

Foi Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros, a encerrar o debate em nome do Governo. O número dois do Executivo começou por falar do apagão de 28 de abril para salientar que foi preciso um recomeço ou "restart, ou reset", para reestabelecer a normalidade.
O Chefe da Diplomacia portuguesa considera que "nos últimos meses" o país teve também um "apagão politico" com a união de PS e Chega, que derrubaram o Governo ao rejeitarem a moção de confiança. Rangel descreve um fenómeno que apagou o XIV Governo, e o "reset" foram as eleições de 18 de maio.
"Este Governo apresenta-se renovado", atira o ministro dos Negócios Estrangeiros. Rangel diagnostica uma "disponibilidade" de vários partidos da oposição para dialogar nesta legislatura que agora arranca.

"É necessário que as oposições cumpram a sua palavra, que querem fomentar a estabilidade, que estão à altura da estabilidade", vinca o número dois do Governo.

Paulo Rangel afirma que a AD é o "partido do meio" e pede "estabilidade" num mundo volátil. "Portugal não pode esperar, Portugal não pode parar", avisa.

Sobre a reforma do Estado, uma das bandeiras do programa do Governo, Paulo Rangel diz que a AD quer um um "Estado atlético" e não um "Estado gordo e flácido". O número dois do Governo promete "contas justas" em vez de "contas certas".

No plano internacional, a sua área de governação direta, o antigo eurodeputado vinca que o conflito que agora se acentua entre Israel e Irão é "complexo" e pode provocar mais conflitos.

Sobre a guerra em Gaza, Paulo Rangel clarifica que Portugal compreende o direito à autodefesa do Estado israelita, mas condena a resposta "desporporcional" dada por Telaviv.

Chumbada moção de rejeição ao programa de Governo

A moção de rejeição ao programa de Governo, proposta pelo PCP, foi chumbada ao final da manhã, esta quarta-feira, pelo Parlamento.

PSD, CDS, Chega, Iniciativa Liberal, PS e JPP votaram contra.

PAN absteve-se.

Livre, Bloco de Esquerda e PCP votaram a favor.



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