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Mariana Vieira da Silva avisa Governo de que PS está contra privados na ferrovia

19 jun, 2025 - 16:25 • José Pedro Frazão

Antiga ministra socialista acusa o Governo de ser pouco transparente ao propor "medidas significativas" que não constavam do programa eleitoral. Duarte Pacheco recorda que a eutanásia que foi votada no passado não passou também pelos compromissos eleitorais.

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O PS está contra a concessão a privados nas linhas ferroviárias. No rescaldo do debate sobre o programa do Governo, a dirigente socialista Mariana Vieira da Silva considera que esta opção é danosa e pouco transparente.

"Não se pode dizer que esta proposta tenha sido sufragada pelos cidadãos. E não se pode esperar que o Partido Socialista - que nunca se opôs a esta ideia, porque ela nunca foi clara durante este ano - esteja agora obrigada a legitimá-la. Pelo contrário, o Partido Socialista é contra estas respostas. Ainda há pouco tempo vimos na linha da Fertagus que elas são danosas", afirma Mariana Vieira da Silva no programa Casa Comum da Renascença.

A antiga ministra do PS argumenta que esta opção "vai em linha contrária" ao que tem sido observado em toda a Europa, com " países que tinham concessionado a procurar recuperar a sua capacidade, até para gerir as fortes pressões que existem sobre os sistemas de transporte nas principais cidades".

A ex-governante critica o Governo por ter anunciado uma medida que não estava no programa eleitoral da AD e acusa o executivo de falta de transparência.

"Sei bem as críticas que, por exemplo, o Partido Socialista teve quando escreveu no seu programa que ia reverter os processos de privatização dos transportes que estavam em curso em 2015, o que foi preciso explicar sobre a nossa capacidade de fazer isso sem colocar em causa até a palavra do Estado nestes processos. É totalmente legítimo os partidos defenderem estas posições, mas devem ser transparentes ao fazê-lo", sustenta Mariana Vieira da Silva na Renascença.

No final do debate sobre o Programa de Governo, Mariana Vieira da Silva assinala que nem todos conseguiram retirar conclusões das últimas eleições. "Quando concluímos que a estabilidade política é fundamental e que são sempre os mesmos partidos têm ganho com situações de instabilidade, isso implica um espírito de diálogo e transparência entre o Governo e as oposições, que me parece que não existiu ao longo das últimas semanas", remata a dirigente do PS.

Anestesiados e alinhados

Duarte Pacheco considera que as possíveis concessões e aberturas ao privado na área dos transportes "está na linha estrutural com aquilo que o PSD pensa e fez quando esteve na última vez no governo e depois foi interrompido".

O antigo deputado sustenta que o programa eleitoral previa a análise dos sistemas de transporte e a viabilização de opções alternativas, reconhecendo que não tinham este grau de detalhe.

"Há muitas matérias que não estavam no programa eleitoral. Recordo algo que para mim também foi muito chocante, quando, numa legislatura recente se votou a eutanásia, quando nenhum dos partidos estruturantes tinha apresentado isso aos eleitores em campanha eleitoral", contra-ataca Duarte Pacheco, para quem esta "não será a primeira vez e não há de ser a última" em que há matérias que passam ao lado da campanha.

O antigo deputado considera que Governo e oposições "estavam todos anestesiados" no debate do programa de Governo, lembrando que o CHEGA pod rapidamente resvalar para um comportamento mais populista, apesar de ter viabilizado o programa de governo. Duarte Pacheco considera que o Governo foi coerente ao incorporar medidas de outras forças políticas no seu programa e "tem condições para governar durante pelo menos um ano com a hipótese de fazer as reformas que precisam".

O "caso" das eleições desapareceu

Ausente do debate esteve o processo Spinumviva, cujo debate no Parlamento havia proporcionado a queda do Governo. Os principais partidos da oposição ignoraram o tema no arranque da legislatura, depois de um extenso debate nos últimos meses sobre uma comissão parlamentar de inquérito

"O Partido Socialista está num momento de transição, mas o futuro secretário-geral - uma vez que é candidato único - já tinha anunciado que essa seria a sua posição", justifica Mariana Vieira da Silva, que anota que o debate acabou por ser marcado "por uma espécie de pacificação face aos últimos meses", tendo em conta as conclusões que os diferentes partidos tiraram sobre as eleições.

Para Duarte Pacheco, os partidos "retiraram também as suas ilações e viram que os próprios portugueses não lhe davam a relevância que, porventura, alguns políticos e alguns comentadores estavam a dar ao caso"

Quanto ao futuro do processo no campo político, o antigo deputado considera que está tudo no domínio da justiça. " Se não surgir mais nada, se o processo em investigação na área da justiça, concluir que não há nada, é natural que morra. Assim o espero. Se, pelo contrário, a própria justiça decidir avançar noutra perspectiva, aí algo de novo poderia estar em cima da mesa, e os partidos poderiam pegar. Eu espero que tal não aconteça", acrescenta Duarte Pacheco na Renascença.

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