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Conversa de Eleição

"Nuno Melo tem discurso absolutamente inaceitável, sem estatuto para ser ministro da Defesa"

07 out, 2025 - 08:00 • José Pedro Frazão

Fernando Medina defende que o líder do CDS deve sair do Governo " se quer fazer apenas política partidária para concorrer com o Chega". No programa "Conversa de Eleição", o antigo ministro do PS quer mais explicações do Ministério Público sobre a investigação de três anos ao juiz Ivo Rosa. Miguel Poiares Maduro diz que se abrem inquéritos com demasiada facilidade com base em denuncias anónimas e partilha a convicção de que o Governo quer aprovar o Orçamento do Estado com o apoio do PS.

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Flotilha, Orçamento e Caso Ivo Rosa
Flotilha, Orçamento e Caso Ivo Rosa

Fernando Medina considera que Nuno Melo "não tem estatuto" para ser ministro da Defesa.

O antigo governante socialista critica o líder do CDS pela forma como se referiu aos ativistas da flotilha humanitária para Gaza, ao classificar a iniciativa como "panfletária". Medina diz que Melo se destaca por proferir "um discurso absolutamente inaceitável" para um ministro da Defesa.

"Não há aqui a figura de um Nuno Melo, líder do partido, e outro Nuno Melo, ministro da Defesa. Se quer ser líder de um partido e usar um estilo truculento para fazer a defesa das suas causas políticas e atacar os seus adversários, tem uma boa forma de o fazer: deixar de ser ministro da República, [ficar] líder de um partido e vai fazer o seu combate ao CHEGA", afirma Medina na Renascença.

Medina defende que as reações de Paulo Rangel e de Luis Montenegro ao episódio da flotilha acabaram por reequilibrar a posição do Governo, insistindo que Nuno Melo foi uma "excepção" com "mais uma demonstração - já nos deu várias ao longo deste mandato - que não tem estatuto para o lugar que está a ocupar".

O antigo ministro das Finanças sublinha que um titular da pasta da Defesa não tem que se pronunciar sobre "o valor das causas" que "cidadãos portugueses" defendem.

"Se quer fazer política de cariz estritamente partidário para concorrer com o Chega, tem bom motivo para manter a sua posição de líder do CDS e sai do governo", sugere Medina no programa "Conversa de Eleição", onde se assume "amigo do povo de Israel", o que acaba por ser mais doloroso ao observar a resposta de Telavive a este caso e também na ofensiva sangrenta sobre Gaza.

"Aqueles que são amigos do povo judeu e do Estado de Israel porventura sentem mais do que os outros a violência daquilo que está a ser feito e a agressão que está a ser praticada, precisamente porque são amigos do povo de Israel, onde, naturalmente, me incluo inequivocamente", clarifica Medina.

CDS "condicionado" na coligação AD

Para Miguel Poiares Maduro, o Governo português esteve globalmente bem na gestão deste caso., revendo-se na "posição maioritária" do Governo, expressa pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Rangel.

Quanto ao comportamento do líder do CDS, Maduro compreende que Nuno Melo se sinta cada vez mais "condicionado" dentro do Governo.

"Já fiz parte de um governo de coligação, sei que nem sempre há acordo muitas vezes [com] os partidos minoritários nos governos de coligação. E neste momento o CDS, ainda por cima, sente-se cada vez mais condicionado dentro da coligação e com necessidade de se afirmar, ao ver outros partidos na direita a crescerem - a Iniciativa Liberal, mas sobretudo o CHEGA. Portanto é natural que queira diferenciar-se e usa algumas oportunidades para isso", argumenta Poiares Maduro, na Renascença.

O antigo ministro do PSD considera que a iniciativa, como protesto contra o que se passa em Gaza, "teve um objetivo político perfeitamente legítimo", apesar de agregar "pessoas com visões e preocupações diferentes".

Poiares Maduro assinala de modo paradoxal que "estão a acontecer neste momento outras tragédias, algumas até maiores, como o que está a acontecer no Sudão, com relatórios independentes e das próprias Nações Unidas que dize que há 12 milhões de desalojados no Sudão e onde a ajuda humanitária também não está a chegar

"Curiosamente, não consegue um tema destes mobilizar nem uma mínima fração daquilo que consegue mobilizar o tema de Gaza", anota Miguel Poiares Maduro.

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