09 out, 2025 - 21:03 • Alexandre Abrantes Neves
A posição já vinha sendo escrita nas entrelinhas nas últimas semanas e bastava cumprir-se o guião combinado para não surgirem problemas inesperados. O Governo “correspondeu às exigências” e, por isso, o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, avançou com a promessa: afastar uma crise política provocada pelo Orçamento do Estado para 2026 (OE2026).
“Respeitarei e honrarei a palavra que dei aos portugueses de contribuir para a estabilidade política no nosso país”, afirmou o líder socialista em Braga, a quem só faltou utilizar a palavra “viabilizar” para chutar o tema do Orçamento para fora de campo e esperar que as autárquicas voltem ao centro da questão no dia de campanha que resta. “Amanhã vamos ter um dia muito grande”, previu ainda de manhã, num café a começar o dia perto do Mercado do Bolhão, ao lado do candidato Manuel Pizarro.
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Sobre o documento apresentado pelo Governo (um tema que só entrou na campanha do PS depois das cinco da tarde), Carneiro não excluiu a aprovação na generalidade do documento: adiantou que o partido só vai assumir uma posição oficial sobre o sentido de voto na terça-feira, depois de o secretário-geral ouvir a liderança da bancada parlamentar e a Comissão Política Nacional do PS.
Marcelo Rebelo de Sousa afastou um eventual aprove(...)
Estes são os sinais mais evidentes de uma viabilização que tem a porta “aberta”, mas que vêm na sequência de outros tantos, que têm aparecido paulatinamente ao longo da campanha.
Nesta autêntica volta a Portugal, José Luís Carneiro tem sido claro: o país está “tranquilo” e o PS está comprometido com a “estabilidade”. Nem o regresso da Spinumviva abalou esse pensamento, com o secretário-geral do PS a mostrar que o que interessa ao partido agora é respirar e ganhar tempo – precisa disso para se conseguir “reencontrar os portugueses”, desde logo nas autárquicas do próximo domingo.
Nesse caminho, o PS não pretende apresentar-se como uma força desestabilizadora, mas tem de preparar o caminho de se reerguer como oposição “firme”, com ideias próprias – o que fez Carneiro vincar que este documento em nada se assemelha ao que seria um orçamento preparado por um governo socialista.
“Este não é o nosso orçamento – naturalmente que nós teríamos um orçamento diferente daquilo que tem o Governo. E porquê? Porque teríamos outras opções de política económica, de política fiscal e também de política social. Mas, evidentemente, que não fomos nós que ganhamos as eleições”, esclareceu, à margem de uma visita a uma fábrica de casas modulares em Braga.
Precisamente sobre as críticas e propostas que vão surgir nas próximas semanas por parte do PS, Carneiro adicionou outro ponto à já conhecida questão das pensões – as alterações ao IRS e IRC.
“Há uma previsão de redução da receita em IRC em cerca de 2% e há um aumento da previsão de aumento da receita com IRS em cerca de 5% - o que significa que são rendimentos das famílias que estão a suportar as opções de política fiscal do Governo, nomeadamente em relação à redução de IRC”, apontou.