09 out, 2025 - 12:35 • José Pedro Frazão
Mariana Vieira da Silva subscreve a opinião crítica de Luís Montenegro após divulgação de novas alegações na comunicação social sobre o andamento do processo. Perante notícias que davam conta de uma tese dos investigadores a favor da abertura de um inquérito no caso Spinumviva, a Procuradoria-Geral da República veio em comunicado garantir que não há qualquer convicção formada que permita encerrar a averiguação preventiva determinada há cerca de seis meses.
"Luís Montenegro fez um ataque muitíssimo forte ao Ministério Público e não é fácil criticá-lo, porque de facto já todas as pessoas perceberam a forma como estas investigações são conduzidas. Ao contrário de Luís Montenegro, isto parece-me uma 'pouca vergonha', quer quando os afetados são militantes do meu partido, quer quando não são", afirma Mariana Vieira da Silva no programa "Casa Comum" da Renascença.
A deputada do PS fala numa semana "muitíssimo má para o Ministério Público, ainda por cima sempre muito próximo de contextos eleitorais". Mariana Vieira da Silva considera que a investigação ao juiz Ivo Rosa que se prolongou sem resultados por 3 anos com métodos invasivos de privacidade é um caso "muito grave".
"As instituições devem agir quando recebem uma denúncia. Mas o número de casos de pessoas que são investigadas por três, quatro, seis e oito anos, leva-nos a crer que o Ministério Público tem sido totalmente ineficaz na sua investigação. Não sei como se pode dizer que tudo foi respeitado do ponto de vista dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, com investigações desta dimensão, que concluem que não havia nenhum fundamento", complementa a antiga ministra na Renascença.
Um aviso aos juízes
Para Duarte Pacheco, o Ministério Público revela uma forma "inaceitável" de atuar. "A ideia que fica para a opinião pública é muito simples: este juiz estava a decidir contra a opinião do Ministério Público e passou a ser investigado. Isso também é um sinal para os restantes de que 'quem manda somos nós, e ou se portam bem ou vamos atrás de vocês", observa o antigo parlamentar social-democrata.
O ex-deputado considera que estes casos revelam "mais uma vez", que o Ministério Público "é uma casa que precisa ser arrumada de cima a baixo".