13 out, 2025 - 00:37 • Alexandre Abrantes Neves , João Pedro Quesado
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"O PS voltou." Foi assim que José Luís Carneiro abriu o discurso da noite eleitoral das autárquicas de 2025, em que o PS não venceu tudo o que queria e perdeu algumas autarquias, mas impediu o quadro de ficar desequilibrado a favor do PSD.
"O PS voltou como grande partido de alternativa política ao Governo", proclamou o líder socialista, afirmando que "para aqueles que entendiam que o PS estava numa perda definitiva de representatividade na sociedade portuguesa, o PS mostrou vitalidade e voltou, e os portugueses voltaram a confiar no PS".
Numa sala vazia, sem sinais claros de mobilização dos militantes – não havia sequer catering ou cadeiras suficientes para albergar mais do que os dirigentes e colaboradores socialistas –, Carneiro fez um esforço por mostrar em todos os pontos do discurso o “copo meio cheio” perante o resultado socialista.
Ao longo de toda a campanha eleitoral, o líder socialista bifurcou as metas socialistas em duas: por um lado, ser o partido com maior número de votos e com o maior número de presidências de Câmara Municipal, Assembleias Municipais e de Freguesia conquistadas e, por outro, “reconquistar” os portugueses, voltando a mostrar que o partido é a “grande casa comum da democracia portuguesa”.
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O primeiro objetivo ficou pelo caminho – "nós estaremos a falar de alcançarmos cerca de 130 autarquias, presidências de câmara, e a AD irá alcançar cerca de 134 câmaras", admitiu Carneiro –, mas o segundo não ficou, na leitura do líder socialista.
“O Partido Socialista está presente em todo o país, dos territórios do interior aos territórios do litoral, do norte ao sul, nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira”, afirmou, dando o exemplo do número de capitais de distrito que o PS conseguiu – com a vitória em Coimbra, Faro, Viseu, Bragança e Évora, passaram a ser nove, quase duplicando as que tinham carimbo socialista até agora (cinco). “Temos agora o mesmo número de capitais de distrito dos nossos principais competidores, da AD", vincou.
Para o líder socialista, este resultado até significa que a sua liderança “sai reforçada” – o grande balão de oxigénio que o líder socialista procurava nestas eleições e que conseguiu ao levantar o PS da “hecatombe”, com armas como o estilo de liderança de “força tranquila” que diz ter assumido e com a presença de figuras socialistas na estrada e que não fazem parte da sua ala do partido, como é o caso da antiga ministra Mariana Vieira da Silva.
O PS não conseguiu vencer em Lisboa e no Porto, mas Carneiro esforçou-se por não estragar a recuperação eleitoral do partido. Aliás, os candidatos vieram dizer que a responsabilidade da derrota era “apenas” dos próprios e o líder do PS aproveitou isso para manter a linha assumida durante a campanha – primeiro, os candidatos locais, só depois o líder partidário.
“Quero dizer que me sinto francamente bem por ser corresponsável pelo facto de termos chegado aqui em condições de afirmar o Partido Socialista como o grande partido alternativo na construção de uma solução política nacional”, defendeu, dizendo que “a responsabilidade é de todos, todas”.
Perante a diferença de quatro câmaras para o PSD, Carneiro foi rápido a arranjar uma explicação – o número de autarcas em limite de mandatos.
“Estávamos com o mais complexo desafio de substituir 50 presidentes de Câmara que chegaram ao fim dos seus mandatos. Os nossos mais diretos oponentes e adversários tinham de fazer a substituição de cerca de 30 presidentes de Câmara. Portanto, o nosso desafio era extraordinariamente mais complexo”, argumentou, para logo a seguir trazer outro ator para a boca de cena política como o grande derrotado da noite.
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"O Chega, que veio prometer 60 câmaras, está relegado para uma quinta posição, atrás da CDU e atrás do próprio CDS", atirou o secretário-geral do PS, realçando os resultados no Algarve e declarando que "todas as portuguesas e todos os portugueses, podem contar, podem confiar, no Partido Socialista".
E, de agora em diante, a missão, diz Carneiro, é continuar o trabalho de reencontro com os eleitores – e, para isso, a estratégia socialista também conta com os autarcas eleitos.
"Os autarcas são vitais para a recuperação da vida económica, da vida social, da vida empresarial, e da confiança do nosso futuro", garantiu José Luís Carneiro, "Acredito mesmo que sem os autarcas não é possível garantir as respostas às necessidades básicas e fundamentais das pessoas".
[Artigo atualizado às 02h35]