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Reportagem multimédia

Marisa e Edgar, os candidatos que têm as máquinas dos partidos

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Marisa e Edgar, os candidatos que têm as máquinas dos partidos

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20 jan, 2016 - 12:32 • Maria João Costa , Joana Bourgard (fotos e vídeo)

São os únicos candidatos que contam com as estruturas dos seus partidos para fazer campanha. Esperam assegurar votos à esquerda e até fazem campanha em territórios onde nem todos podem votar. A Renascença cruzou as geografias das campanhas dos candidatos do PCP e Bloco.

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Bandeiras, som, acção. Aqui nada falha. A prática das máquinas dos partidos faz com que os comícios decorram de acordo com o guião. Palcos preparados, música, grandes ecrãs. Tudo segue o roteiro para um bom filme de campanha. Além dos protagonistas (os candidatos presidenciais, claro), há também personagens secundárias, mas importantes para o argumento.

Os líderes do PCP e Bloco de Esquerda marcam presença, assim como toda a família partidária. Na campanha para as eleições presidenciais, Edgar Silva e Marisa Matias contam nos bastidores com as máquinas partidárias bem oleadas e acabadas de sair das legislativas e com o saber fazer dos respectivos partidos.

São os únicos candidatos presidenciais que têm atrás de si, declaradamente, as máquinas partidárias. E os únicos candidatos presidenciais que tiveram ao seu lado os líderes partidários na primeira semana de campanha.

Comício de apoio à candidatura de Edgar Silva organizado pelo PCP. Fotos: Joana Bourgard/RR
Comício de apoio à candidatura de Edgar Silva organizado pelo PCP. Fotos: Joana Bourgard/RR
Comício de Edgar Silva decorreu no Centro de Congressos de Lisboa
Comício de Edgar Silva decorreu no Centro de Congressos de Lisboa
"Mega comício" de apoio à candidatura de Marisa Matias no cinema São Jorge, Lisboa
"Mega comício" de apoio à candidatura de Marisa Matias no cinema São Jorge, Lisboa
Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, também discursou
Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, também discursou
Entre os militantes do Bloco de Esquerda, a socialista Helena Roseta. "Apoio a Marisa porque acho que não faz cálculos. Agora tirem daqui as conclusões que quiserem", disse
Entre os militantes do Bloco de Esquerda, a socialista Helena Roseta. "Apoio a Marisa porque acho que não faz cálculos. Agora tirem daqui as conclusões que quiserem", disse
Edgar Silva teve os comícios de campanha com maior mobilização. Quatro mil apoiantes no Porto e seis mil em Lisboa
Edgar Silva teve os comícios de campanha com maior mobilização. Quatro mil apoiantes no Porto e seis mil em Lisboa
Pablo Iglesias, apareceu para apoiar Marisa Matias. “Marisa tem algo mágico. Nós, pessoas normais caminhamos, a Marisa avança”, disse o líder do espanhol "Podemos"
Pablo Iglesias, apareceu para apoiar Marisa Matias. “Marisa tem algo mágico. Nós, pessoas normais caminhamos, a Marisa avança”, disse o líder do espanhol "Podemos"
17 janeiro 2016  - comicio do partido comunista portugues pcp de apoio a candidatura a presidencia da republica de edgar silva - Foto: Joana Bourgard
16 janeiro 2016 - mega comicio bloco de esquerda de apoio a candidatura a presidencia da republica de marisa matias - cinema sao jorge , lisboa - Foto: Joana Bourgard
17 janeiro 2016 - comicio do partido comunista portugues pcp de apoio a candidatura a presidencia da republica de edgar silva - Foto: Joana Bourgard
16 janeiro 2016 - mega comicio bloco de esquerda de apoio a candidatura a presidencia da republica de marisa matias - cinema sao jorge , lisboa - Foto: Joana Bourgard
À porta do comício de Edgar Silva, há autocarros a perder de vista, vindos de vários pontos do país
À porta do comício de Edgar Silva, há autocarros a perder de vista, vindos de vários pontos do país

A candidatura chamou-lhe um “megacomício”. No cinema São Jorge, em Lisboa, Marisa Matias juntou cerca de 1.200 pessoas, no final da primeira semana de campanha. Alguns militantes e simpatizantes chegaram de autocarro.

João Semedo, Catarina Martins, José Manuel Pureza ou Pedro Filipe Soares estiveram lá, mas a candidata contou também com apoio estrangeiro. De Espanha veio Pablo Iglesias. O líder do Podemos afirmou que “faz falta que, na Presidência da República, haja alguém que se pareça com as pessoas normais. Os portugueses e as portuguesas precisam de uma Presidente que se pareça com eles”.

Alguém como Marisa Matias, claro está: “Marisa tem algo mágico, nós, pessoas normais caminhamos, a Marisa avança”.

Um dia depois, Edgar Silva tem o seu grande comício também na capital. Os apoiantes chegam de autocarro ou a pé ao Centro de Congressos de Lisboa. “Seis mil”, uma "impressionante moldura humana", afirma o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa.

À entrada todos recebem um envelope branco. É pedida “uma contribuição para a campanha de Edgar” e o envelope tem como destino um saco vermelho. É a máquina do partido a funcionar. Em cada cadeira, os apoiantes têm também à sua espera uma bandeira portuguesa e outra da candidatura de Edgar Silva, prontas a serem agitadas.

Nos discursos de Marisa Matias e Edgar Silva, há muitos pontos em comum. Ambos falam da “fatalidade” para sublinharem a necessidade de uma viragem de página em Belém. Para qualquer um dos candidatos não há vencedores à partida. Com críticas a Marcelo Rebelo de Sousa, os dois candidatos presidenciais olham para estas eleições como mais uma oportunidade para afirmar os seus partidos.

Edgar Silva diz que os portugueses não estão "condenados a ter uma vida azeda, de dificuldades, injustiças e desigualdades. Não pode ser uma fatalidade”. Marisa Matias recusa esta mesma fatalidade. E assegura: "tudo está em disputa", "não é um fado.”

Mega comícios de fim-de-semana
Marisa e Edgar em sintonia nos discursos

Os discursos em sintonia repetem também duas outras expressões. Quando se referem ao resultado das eleições legislativas, Edgar e Marisa evocam um “novo ciclo político” e “sementes de esperança” .

No São Jorge, Marisa Matias falou de “uma Constituição ilegal” dos “donos disto tudo” e apontou oito motivos para seguir a lei fundamental portuguesa.

Já no Centro de Congressos de Lisboa, Edgar Silva escolheu nove grandes marcas da sua candidatura. Em discursos de quase 30 minutos, os dois candidatos presidenciais jogam as últimas cartadas para a derradeira semana de campanha.

Cova da Moura. Em campanha onde muitos não podem votar

Abraços e beijinhos na caça ao voto. É sempre assim em todas as campanhas e Edgar e Marisa não escapam à regra. Tentam conquistar o eleitorado olhando-o nos olhos. E as caravanas de campanha, separadas por 24 horas, pisaram o mesmo terreno.

Saíram do asfalto e foram a pé percorrer as ruas da Cova da Moura, bairro conhecido da Amadora pela forte presença de imigrantes africanos e que normalmente salta para as notícias pelas piores razões, normalmente ligadas à criminalidade.

Primeiro, foi Edgar Silva que visitou um bairro que, afinal, já não lhe era estranho. "Há 28, 29 anos passei uns dias aqui a trabalhar com uma associação [Moinho da Juventude], a preparar um intercâmbio de projectos para começar numa escola da Madeira”, diz.

O candidato, que tem feito do combate à pobreza uma bandeira de campanha, almoçou cachupa entre as gentes da Cova da Moura.

A campanha presidencial passou na Cova da Moura por duas vezes, com Marisa e Edgar. Fotos: Joana Bourgard/RR
A campanha presidencial passou na Cova da Moura por duas vezes, com Marisa e Edgar. Fotos: Joana Bourgard/RR
13 janeiro 2016 - marisa matias , candidata a presidencia da republica pelo bloco de esquerda , em campanha na cova da moura na buraca , lisboa - Foto: Joana Bourgard
13 janeiro 2016 - marisa matias ( com mariana mortagua ) , candidata a presidencia da republica pelo bloco de esquerda , em campanha na cova da moura na buraca , lisboa - Foto: Joana Bourgard
12 janeiro 2016 - edgar silva , candidato a presidencia da republica pelo partido comunista portugues , em campanha na cova da moura na buraca , lisboa - Foto: Joana Bourgard
13 janeiro 2016 - marisa matias , candidata a presidencia da republica pelo bloco de esquerda , em campanha na cova da moura na buraca , lisboa - Foto: Joana Bourgard
12 janeiro 2016 - edgar silva , candidato a presidencia da republica pelo partido comunista portugues , em campanha na cova da moura na buraca , lisboa - Foto: Joana Bourgard
13 janeiro 2016 - marisa matias , candidata a presidencia da republica pelo bloco de esquerda , em campanha na cova da moura na buraca , lisboa - Foto: Joana Bourgard
12 janeiro 2016 - edgar silva , candidato a presidencia da republica pelo partido comunista portugues , em campanha na cova da moura na buraca , lisboa - Foto: Joana Bourgard
12 janeiro 2016 - edgar silva , candidato a presidencia da republica pelo partido comunista portugues , em campanha na cova da moura na buraca , lisboa - Foto: Joana Bourgard
13 janeiro 2016 - moinho da juventude - marisa matias , candidata a presidencia da republica pelo bloco de esquerda , em campanha na cova da moura na buraca , lisboa - Foto: Joana Bourgard
13 janeiro 2016 - marisa matias , candidata a presidencia da republica pelo bloco de esquerda , em campanha na cova da moura na buraca , lisboa - Foto: Joana Bourgard
13 janeiro 2016 - marisa matias , candidata a presidencia da republica pelo bloco de esquerda , em campanha na cova da moura na buraca , lisboa - Foto: Joana Bourgard
13 janeiro 2016 - marisa matias , candidata a presidencia da republica pelo bloco de esquerda , em campanha na cova da moura na buraca , lisboa - Foto: Joana Bourgard

No dia seguinte, foi Marisa Matias quem visitou a Moinho da Juventude, na Cova da Moura. A caravana entrou no bairro e a candidata ouviu os sonhos da responsável da associação, que quer construir uma creche maior.

Interrompeu uma aula onde homens e mulheres de diferentes idades aprendem a escrever e ouviu uma mulher dizer-lhe: “Se Deus quiser, vai ganhar”.

Das crianças nas ruas de terra batida, Marisa ouviu uma delas chamar-lhe “Ó senhora próxima!”. Uma pergunta para a Marisa Presidente da República: "Também vais ser presidente da Cova da Moura?”

Mas este é um território onde muitos não votam. Depois da caravana de Marisa Matias partir, Flávio Almada, da Moinho da Juventude, explica-nos: “Muitos dos jovens aqui, com 34, 35 anos, não podem votar. Não têm nacionalidade. O Estado de direito está em causa porque os jovens não podem votar."

Denúncias à parte, ambos os candidatos enalteceram o papel exemplar desta associação da Cova da Moura. Edgar Silva diz que “a erradicação da pobreza continua a ser um desafio”. Já para Marisa Matias "houve um agravamento muito grande das desigualdades e isso ficou esquecido do roteiro da Presidência". "Falhou claramente a ajuda do Presidente”, acusou a candidata.

As geografias e o perfil dos candidatos

Marisa Matias e Edgar Silva não são nomes estranhos ao meio político. Ela é eurodeputada eleita pelo Bloco de Esquerda, ele foi deputado regional na Madeira eleito pelo PCP. Militantes assumidos, dão a conhecer-se ao eleitorado na campanha presidencial nas ruas, em comícios, mas também através de um vídeo transmitido nos grandes eventos de campanha.

Na rota das acções da corrida presidencial estão também as geografias e os terrenos onde são bem conhecidos. Apesar de Edgar Silva ser da Madeira, foi Marisa Matias quem começou a campanha na ilha atlântica.

Ao seu lado, Marisa teve a porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins. O distrito de Coimbra, de onde Marisa Matias é originária, é também um dos pontos fortes de passagem da campanha presidencial. Já lá esteve a 14 de Janeiro em comício e é lá que vai terminar a campanha na noite de sexta-feira, dia 22.

Já Edgar Silva começou a campanha oficial no Porto com um comício que contou com a presença de Jerónimo de Sousa. Mas no dia seguinte, a 11 de Janeiro, voou até à Madeira, território onde conhece bem o seu eleitorado. Foi a única passagem pelo arquipélago onde nasceu.

O resto da campanha passa por geografias onde o eleitorado do PCP tem forte implantação. Desde logo o Alentejo: andou por Serpa, Arraiolos e Moura, mas também Silves, no Algarve, onde o partido reconquistou a autarquia local depois de 20 anos de PSD, ou ainda Loures, onde elegeu o comunista Bernardino Soares.

Neste périplo pelo país, Edgar vai tomando o pulso ao partido que o apoia nesta campanha.

Comentários
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  • Verdade
    21 jan, 2016 Almada 00:34
    Talvez o MRS não precise de maquinas oleadas para a sua campanha. Passar ferias no Brasil com o "Espirito Santo" deve ter chegado e sobrado algum.
  • RAMALHO
    20 jan, 2016 mINDE 22:05
    Era muito bom que o Prof Marcelo fosse logo eleito á primeira com uma larga vantagem sobre os outros , assim calavam-se de vez as ESGANIÇADAS, PADRECOS e Afins, para podermos ficar descansados.
  • A.M.
    20 jan, 2016 Porto 20:48
    Notícia, mais uma, falaciosa. Como se Marcelo R. Sousa não tivesse não só o apoio de 2 partidos (PSD e CDS) - e é ver os respectivos deputados a fazerem-se representar diariamente nas acções de campanha - como teve (e continua a ter), desde há anos o apoio dos grupos financeiros que controlam a comunicação social, com as televisões à cabeça.
  • Maria
    20 jan, 2016 Lisboa 19:26
    Grande mentira. o Nóvoa tema a máquina do PS ou julgam que a malta é cega?
  • tapa olhos
    20 jan, 2016 Santarém 19:22
    Um para jardineiro em Belém a outra para camareira, por cerca de 1 milhão de euros cada um em campanha eleitoral fica demasiado caro ao país, basta de atirar pó aos olhos do Povo!
  • A. Moura
    20 jan, 2016 Lx 18:20
    Lembram-se do Pato? O Edgar não tem mais de 4 ou 4,5. A Marisa é muito querida, muito ternurenta, muito acalorada, de muitos afectos, abraços e beijos mas não vai ter mais de 6. Quem vai levar um chimabalao é a Maria de Belém ( 11 ou 12). E no fim ganha a Alemanha, ou seja, o Marcelo! E bem precisamos do Presidente eleito que agora a partir de 27 vamos começar a levar pontapés no ..., da Troika, que está vontade de nos chegar!
  • adamastor
    20 jan, 2016 Algarve 18:13
    e o novoa? não tem a maquina do PS?
  • Ricardo Costa
    20 jan, 2016 Queluz 18:02
    Lá vão eles à caça dos analfabetos e parasitas da sociadade

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