23 jan, 2017 - 13:08 • Ecclesia
O Papa recebeu esta segunda-feira no Vaticano os membros da direcção nacional italiana de luta contra as máfias e o terrorismo, acusando as organizações mafiosas de serem um dos rostos da “cultura de morte”.
“O fenómeno mafioso, como expressão de uma cultura de morte, deve ser contrariado e combatido”, declarou, após uma saudação de Franco Roberti, o procurador italiano responsável pelo sector.
Francisco apontou o dedo à máfia, à Camorra (Nápoles) e à Ndrangheta (Calábria), que exploram carências económicas e sociais para “realizar os seus projectos deploráveis”.
“A sociedade tem necessidade de ser curada da corrupção, da extorsão, do tráfico ilícito de estupefacientes e de armas, do tráfico de seres humanos, entre os quais muitas crianças”, apelou.
O Papa rezou para que Deus “toque o coração” dos homens e mulheres das diversas máfias, para que deixem de fazer o mal, “se convertam e mudem de vida”.
“O dinheiro dos negócios sujos e dos crimes mafiosos é dinheiro ensanguentado e produz um poder iníquo. Todos sabemos que o diabo entra pelos bolsos, está aí a primeira corrupção”, denunciou.
O discurso sublinhou que, além das intervenções de “repressão” do crime, é preciso levar a cabo um projecto educativo, junto das novas gerações, para favorecer uma “consciência de moralidade e legalidade”.
Francisco elogiou a proximidade da Igreja Católicas aos que vivem “situações dramáticas”, para os ajudar a sair da “espiral da violência”.
Desde o início do seu pontificado, o Papa já recebeu delegações de locais ligados à máfia, tendo ainda visitado a Calábria e Nápoles, regiões tradicionalmente associadas à criminalidade organizada.
O Papa tem manifestado o seu apoio ao trabalho do padre Luigi Ciotti, presidente da Fundação Libera, dedicada a combate do crime organizado, que tem sido alvo de ameaças da máfia.
A 21 de Março de 2014, Francisco reuniu-se em Roma com centenas de representantes desta organização.