10 mai, 2025 - 15:08 • Aura Miguel
O cardeal Robert Francis Prevost terá sido eleito com 100 votos, um número muito superior aos 89 necessários. Esta informação é avançada pela imprensa italiana, a partir do testemunho de vários cardeais de diferentes países, apesar do juramento e segredo obrigatório sobre o que aconteceu dentro do Conclave.
Os purpurados não duvidam da forte intervenção do Espírito Santo que permitiu, em menos de 24 horas e apenas em quatro escrutínios, esta avalanche de votos e um enorme consenso para a eleição de Leão XIV.
Entre as muitas reações, o cardeal Joseph Tobin, arcebispo de Newark, conta que, após ter votado na tarde do segundo dia, ou seja, último escrutínio do Conclave, quando regressava ao seu lugar, deu uma olhadela para Robert “e ele estava com a cabeça apoiada entre as mãos”. Tobin acrescentou: “Rezei por ele porque não conseguia imaginar o que acontece a uma pessoa quando se encontra numa tal situação”. O mesmo purpurado disse ainda que o ato eleitoral “teve uma fluidez sobrenatural” e “quando Prevost aceitou a sua eleição, foi como se ele fosse feito para isto, ou melhor, como se não fosse só ele a aceitar uma proposta, mas Deus estava ali a esclarecer algo e ele concordava”.
Vaticano
No encontro com os cardeais, Leão XIV referiu-se v(...)
Também o cardeal Blaise Cupich, de Chicago, cidade natal de Prevost, comentou: “Éramos 133 de várias línguas e culturas e, em 24 horas, fomos capazes de alcançar a unidade. Só pode ter sido a graça de Deus, pois sempre pensei que um consenso destes teria exigido muito mais tempo”.
Por sua vez, o cardeal Jean-Paul Vesco, arcebispo de Argel, não escondeu a surpresa pelo que se passou dentro da capela Sistina: “É um mecanismo misterioso porque, ao início, sabemos que é preciso eleger um de nós, mas não se sabe quem é; e depois, uma vez eleito em tão pouco tempo, é evidente que tinha de ser aquele. Ou seja, os votos vão-se juntando, 15 minutos antes ainda se vestia de vermelho e, dali a pouco, sai e aparece vestido de branco: é o Papa!”
O número exato da votação que permitiu a eleição de Leão XIV nunca será divulgado. No entanto, abundantes explicações têm circulado na imprensa. A grande unanimidade do colégio de eleitores a favor do novo Papa terá acontecido quando o cardeal Pietro Parolin, considerado por muitos, um forte favorito, desviou os votos dos seus apoiantes (dizem entre 40 e 50 cardeais), para Robert Prevost, com quem colabora há anos. A ser verdade, os mesmos analistas dão quase como certo que Pietro Parolin será a opção de Leão XIV para continuar como secretário de Estado do Vaticano no novo pontificado.
Conclave
Eleição do novo Papa foi mais rápida que a de Fran(...)
Entretanto, o cardeal Parolin, numa carta enviada ao Giornale di Vicenza já comentou a escolha feita pelo Conclave. “Acreditamos firmementeque, através da ação dos cardeais eleitores - e também através da sua humanidade - é o Espírito Santo que escolhe o homem destinado da guiar a Igreja”, escreve Parolin. “E creio não revelar nenhum segredo ao afirmar que um longuíssimo e caloroso aplauso se seguiu após o “aceito” proferido pelo 267º Papa da Igreja Católica”. E acrescenta: “Impressionou-se a serenidade que transparecia do seu rosto num momento tão intenso e, de certo modo, dramático porque isto altera totalmente a vida de um homem. Ele nunca perdeu o seu sorriso doce, sabendo ele os inúmeros e nada simples problemas que a Igreja tem de enfrentar”.
Parolin escreve ainda que o novo Papa conhece bem as dificuldades do mundo de hoje, tal como o demonstrou desde a primeira hora, quando surgiu na varanda da Basílica de São Pedro, referindo-se imediatamente à paz “desarmada e desarmante”.