12 mai, 2025 - 14:42 • Aura Miguel
Há horas que esperávamos, na Aula Paulo VI, sentados na primeira fila. Na véspera, um pequeno grupo de vaticanistas foi selecionado, por sorteio, para saudar pessoalmente o Papa. Atrás de nós, uma multidão de colegas, estimada em cerca de três mil jornalistas, ansiava vê-lo aparecer.
Quando entrou a caminhar tranquilamente, explodiram os aplausos. E foram tão prolongados que Leão XIV teve tempo de chegar até à sua cadeira, agradecer de pé e de braços abertos e depois sentar-se para começar o seu discurso. Mas as palmas e os “Viva o Papa!” dos jornalistas, todos de pé, não cessaram. Por isso, Leão XIV voltou a levantar-se, à espera que o nosso entusiasmo acalmasse.
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“Bom dia e obrigado por esta maravilhosa receção”, disse o Papa em inglês. “Costumam dizer que, quando se aplaude no início, não interessa muito… Se vocês ainda estiverem acordados no final e ainda quiserem aplaudir… Muito obrigado!”
Claro que uma gargalhada coletiva se espalhou por todo o auditório. Depois, à medida que lia o texto, o silêncio foi sucessivamente interrompido por aplausos, em vários pontos-chave do discurso.
No final da leitura, deu a bênção e desceu os degraus, para nos saudar, um a um. Sempre de rosto sereno e muito disponível.
Como sempre acontece quando um Papa se aproxima dos jornalistas, as peripécias sucedem-se. Uma colega peruana ofereceu-lhe um cachecol de alpaca dos Andes peruanos e Leão XIV agradeceu dizendo: “Esperem notícias, brevemente, sobre mim no Peru”. Um repórter da News Nation USA perguntou-lhe que mensagem tem para os Estados Unidos e a resposta foi “muitas”. Um outro, da cadeia televisiva NBC, quis saber se regressaria a casa (EUA) brevemente. “Brevemente, não”, respondeu.
Divertida foi também a atitude de um outro colega norte-americano que, conhecendo as preferências desportivas do novo Papa, lhe pediu para autografar uma bola de baseball.
Entretanto, à medida que avançava pela fila dos jornalistas, um colaborador a seu lado oferecia terços. Quase à minha frente, o Santo Padre perguntou-lhe se deveria ser ele a dar os terços. O outro abanou a cabeça e ele vira-se para mim e para um colega do diário italiano La Reppublica e diz-nos: “Ainda estou a aprender a ser Papa!”.
Quando chegou a minha vez, beijei-lhe o anel e apresentei-me: “Sou de Portugal, da Rádio Renascença, uma das mais ouvidas do país.”
Ele manteve sempre a minha mão apertada e um olhar atento. “Amanhã, 13 de maio, é dia de Nossa Senhora de Fátima que pediu para se rezar sempre pelo Papa. Em Portugal, rezamos sempre pelas intenções do Santo Padre, ou seja, rezamos por si todos os dias. Por isso, estamos à sua espera em Fátima mas, se não vier, rezamos na mesma”, disse-lhe a sorrir.
Leão XIV agarrou-me nas duas mãos e afirmou: “O cardeal Prevost já tinha planeado uma ida ao Santuário, mas agora os seus planos alteraram-se”, respondeu docemente.