Ouvir
  • Noticiário das 20h
  • 07 jul, 2025
A+ / A-

Leão XIV pede aos diplomatas abertura sincera ao diálogo, com três palavras-chave: paz, justiça e verdade

16 mai, 2025 - 10:48 • Aura Miguel

Para remediar as desigualdades globais, “que veem a opulência e a indigência traçar sulcos profundos entre continentes, países e mesmo no interior de cada sociedade”, Leão XIV apela aos responsáveis governamentais que se esforcem por construir sociedades civis harmoniosas e pacíficas.

A+ / A-

A paz constrói-se no coração e a partir do coração, erradicando o orgulho e as pretensões e medindo a linguagem, pois também com as palavras se pode ferir e matar, não só com as armas”, disse esta manhã o Papa aos diplomatas.

No seu primeiro discurso aos representantes do Corpo Diplomático acreditados junto da Santa Sé, Francisco apontou três palavras-chave, "que constituem os pilares da ação missionária da Igreja e do trabalho da diplomacia da Santa Sé: paz, justiça e verdade.”

Já segue a Informação da Renascença no WhatsApp? É só clicar aqui

A paz é um dom ativo e envolvente, por isso, as religiões, no pleno respeito pela liberdade religiosa em todos os países, podem dar um grandecontributo para promover contextos de paz. Leão XIV recordou que “é possível erradicar as premissas de qualquer conflito ou vontade destrutiva de conquista”, o que exige “uma abertura sincera ao diálogo, animada pelo desejo de encontro e não de confronto, sendo necessária a vontade de deixar de produzir instrumentos de destruição e de morte” e citou o Papa Francisco na sua última Mensagem Urbi et Orbi: “Não é possível haver paz sem um verdadeiro desarmamento!”

“Também eu sou descendente de emigrantes”

A propósito da relação entre justiça e paz, o novo Papa reafirmou ter escolhido o seu nome a pensar principalmente em Leão XIII, o Papa da primeira grande encíclica social, a Rerum novarum. “Na mudança de época que estamos a viver, a Santa Sé não pode deixar de fazer ouvir a sua voz perante os numerosos desequilíbrios e injustiças que conduzem, entre outras coisas, a condições indignas de trabalho e a sociedades cada vez mais fragmentadas e conflituosas”, afirmou.

Para remediar as desigualdades globais, “que veem a opulência e a indigência traçar sulcos profundos entre continentes, países e mesmo no interior de cada sociedade”, Leão XIV apela aos responsáveis governamentais que se esforcem por construir sociedades civis harmoniosas e pacíficas, sobretudo, “investindo na família, fundada na união estável entre o homem e a mulher, uma sociedade muito pequena certamente, mas real e anterior a toda a sociedade civil” e sem deixar de favorecer contextos “em que a dignidade de cada pessoa é protegida, especialmente a das mais frágeis e indefesas, do nascituro ao idoso, do doente ao desempregado, seja ele cidadão ou imigrante”.

O seu discurso também inclui um testemunho pessoal: “A minha própria história é a de um cidadão, descendente de imigrantes, que por sua vez emigraram”, recordou. “Cada um de nós, ao longo da vida, pode encontrar-se saudável ou doente, empregado ou desempregado, na sua terra natal ou numa terra estrangeira, no entanto, a nossa dignidade permanece sempre a mesma, a de uma criatura querida e amada por Deus”.

Ucrânia e Terra Santa

Preocupado com os desafios do nosso tempo, “como as migrações, o uso ético da inteligência artificial e a preservação da nossa querida Terra”, Leão XIV sublinha que “a verdade não nos aliena, mas permite-nos enfrentar com maior vigor estes desafios”.

Perante os representantes dos 184 países que mantêm relações diplomáticas com o Vaticano, o novo Papa citou apenas dois contextosmundiais, vítimas de prolongado conflito: a Ucrânia e a Terra Santa.

Em pleno um ano jubilar, dedicado de modo especial à esperança, o Santo Padre espera que se viva um tempo de conversão e de renovação e, sobretudo, que o Jubileu seja uma oportunidade para deixar para trás os conflitos e iniciar um novo caminho, “animado pela esperança de se poder construir, trabalhando juntos, cada um segundo as suas sensibilidades e responsabilidades, um mundo em que todos possam realizar a sua humanidade na verdade, na justiça e na paz.

Espero que isto possa acontecer em todos os contextos, a começar pelos mais provados, como a Ucrânia e a Terra Santa”, afirmou.

Ouvir
  • Noticiário das 20h
  • 07 jul, 2025
Saiba Mais
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+