09 set, 2025 - 12:43 • Ana Catarina André
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas, pede que os governantes não cedam a "populismos manipuladores" e sejam responsáveis no acolhimento e integração de migrantes “na dignidade e na justiça”. Na abertura do 16.º encontro dos bispos lusófonos que decorre esta semana, em Lisboa, o prelado recordou que na Igreja se aprende que “independentemente da raça, acento linguístico ou cultura”, aquele ou aquela que está sentado ao meu lado é “meu irmão ou irmã”.
“Hoje, esta mobilidade é objeto de muita discussão, manipulação e oportunismo, cuja fatura é paga pelos mais débeis, que andam à procura de vida digna para si e as suas famílias. É um tema que não pode passar ao lado das nossas preocupações”, afirmou, na sessão inaugural, no Seminário de Alfragide. “A colaboração das nossas Igrejas neste campo parece-me um tema crucial para o mundo de hoje e para preparar um futuro melhor para os nossos povos”, reiterou.
D. José Ornelas recordou, também, que “ao longo dos séculos, o propósito da missão, a par do anúncio congregador e libertador, (…) da mensagem cristã se cobriu também de sombras e foi contemporâneo silencioso e, por vezes, conivente de crimes de abuso de poder e de atentado à dignidade das populações e culturas, de que a escravatura humana é escândalo e ferida, que não se pode esquecer”.
Nesta sequência, o prelado frisou que “a verdade purificadora da memória comum é necessária para sarar feridas e criar um futuro de autêntica fraternidade” e adiantou que “é à luz desse espírito purificador, libertador e regenerador que deve crescer a colaboração” entre as Igrejas lusófonas.
Por outro lado, o presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé, D. José Manuel Imbamba lembrou que o encontro “acontece num momento em que o mundo atravessa uma noite densa de escuridão” devido à guerra e às tensões entre os Estados. O arcebispo de Saurimo alertou, ainda, para a atual cultura de violência no mundo. “Vai-se, paulatina e lamentavelmente, perdendo o sentido do outro e da sua dignidade, o sentido da ‘casa comum’ e da hospitalidade, o sentido do respeito mútuo e da liberdade responsável e o sentido de Deus”, lamentou.
D. José Manuel Imbamba afirmou que o tema desta reunião dos bispos lusófonos “Viver a Paz na Hospitalidade” mostra que as Igrejas destes países querem estabelecer pontes e “fazer da hospitalidade um caminho indispensável para a promoção da cultura do encontro”.
A reunião dos bispos lusófonos, que decorre até sexta-feira, dia 12, conta com a presença das Igrejas de Timor, Moçambique, Angola, São Tomé, Guiné, Cabo Verde, Brasil e Portugal. O programa inclui a participação no Colóquio “Fraternidade, novo nome para a Paz” promovido pela FEC, Fundação Fé e Cooperação, que se vai realizar esta quarta-feira, dia 10, no auditório da Renascença, a propósito dos 35 anos da organização.