18 set, 2025 - 13:18 • Henrique Cunha
“Há uma narrativa política vigente que cria hostilidade e desconfiança em relação aos migrantes”. Quem o defende é André Costa Jorge, do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS), que não concorda com a ideia do Governo de que os prazos para a expulsão de imigrantes são exagerados.
Em entrevista à Renascença e à Agência Ecclesia, o responsável diz que "não deve haver pressa no afastamento", e pede que se respeite o direito das pessoas migrantes.
Na opinião de Costa Jorge, em Portugal e na Europa há "uma narrativa política vigente", que visa "criar um clima de hostilidade e de desconfiança em relação aos migrantes".
O diretor-geral da JRS reforça a ideia de que “o processo de afastamento deve respeitar um conjunto de etapas que devem sobretudo garantir os direitos das pessoas migrantes”. E, portanto, “não devemos ter pressa no afastamento". "Devemos ter pressa sim, nas políticas de integração. E parece-me que essas é que estão a faltar”, assinala.
Por outro lado, André Costa Jorge diz que não se consegue perceber a insistência do Governo em manter um prazo de dois anos para o reagrupamento familiar, porque “o reagrupamento familiar não é uma ameaça, é uma solução”. “É uma solução para a estabilidade e integração das pessoas migrantes. Não bloqueia a que as famílias se estabeleçam. É muito pior termos migrantes sozinhos, isolados, afastados das suas famílias, em sofrimento, em sofrimento cá e em sofrimento lá, do que ter as pessoas estabilizadas e agrupadas aqui”, sustenta.
O responsável da JRS admite que só se entende este posicionamento do Governo com uma “necessidade política de dizer que estamos a ser exigentes e que estamos a querer mostrar algum músculo para com a imigração”.
“Parece-me que devemos acatar aquilo que o Tribunal Constitucional entende sobre a matéria. E, portanto, devemos voltar ao regime anterior, isto é, aquele em que o titular de uma autorização de residência pode pedir o reagrupamento com o seu cônjuge, cumprindo os requisitos legais”, reforça.
Nesta entrevista à Renascença e à Agência Ecclesia que será publicada na integra no domingo, André Costa Jorge diz que a perspetiva do Serviço Jesuíta aos Refugiados “é que o limite temporal deve apenas medir a estabilidade e a integração e não bloquear o acesso ao reagrupamento familiar”.