05 out, 2025 - 12:11 • Aura Miguel
“Inaugura-se na história da Igreja uma nova era missionária”, disse esta manhã o Papa, na homilia da missa do Jubileu do mundo missionário e dos migrantes.
“Se durante muito tempo associámos a missão ao ‘partir’, ao ir para terras distantes que não conheciam o Evangelho ou se encontravam na pobreza, hoje as fronteiras da missão já não são geográficas, porque a pobreza, o sofrimento e o desejo de uma esperança maior vêm ao nosso encontro”, afirmou.
Leão XIV chamou a atenção para os “irmãos migrantes, que tiveram de abandonar a sua terra, muitas vezes deixando os seus entes queridos, atravessando noites de medo e solidão, vivendo na pele a discriminação e a violência”. E recordou os inúmeros testemunhos e sofrimentos relacionados com a fuga, a violência, o medo de não conseguirem, o risco de travessias perigosas ao longo das costas marítimas, o seu grito de dor e desespero.
“Irmãos e irmãs, aqueles barcos que desejam avistar um porto seguro onde atracar e aqueles olhos cheios de angústia e esperança que procuram terra firme onde desembarcar, não podem nem devem encontrar a frieza da indiferença ou o estigma da discriminação!”, disse Leão XIV aos missionários.
“Não se trata tanto de ‘partir’, mas sim de ‘ficar’ para anunciar Cristo através do acolhimento, da compaixão e da solidariedade”, apontou, ainda.
O Papa pediu ainda aos missionários que não se refugiem no conforto do individualismo e permaneçam “para olhar nos olhos aqueles que chegam de terras distantes e martirizadas, para lhes abrir os braços e o coração, para os acolher como irmãos e ser para eles uma presença de consolação e esperança”.
Neste contexto, é preciso “promover uma nova cultura da fraternidade sobre o tema das migrações para além dos estereótipos e preconceitos”, considerou Prevost, ele próprio com uma longa experiência missionária no Peru.
No final da missa, antes de rezar o Angelus, Leão XIV voltou a sublinhar, a próximo deste Jubileu dos missionários e migrantes que “ninguém deve ser forçado a partir, nem explorado ou maltratado por causa da sua condição de necessidade ou pobreza. A dignidade humana está sempre em primeiro lugar".