08 out, 2025 - 20:34 • João Maldonado
São 12h30, a hora marcada para o arranque da Eucaristia. O Evangelho traz a história de Jonas e da desconfiança que tem perante a caridade de Deus. Na homília, dirigindo-se aos responsáveis empresariais, D. Rui Valério deixa o primeiro pedido da tarde: “Lembrai-vos da presença de Deus nas nossas vidas – transforma-nos em arautos da grandeza; Jesus oferece-nos a estrada, indicando-nos que quando se tem Deus como pai o coração engrandece e as nossas perspetivas também”.
O bispo de Lisboa abriu também o horizonte ao falar sobre a Europa, “uma cultura que produziu passos gigantescos no caminho da liberdade e da tecnologia”, por um motivo, diz, em particular: “A partir da consciência de que Deus é Pai”.
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“É preciso que a empresa tenha a responsabilidade de formar à responsabilidade” é uma das últimas frases proferidas pelo Patriarca neste encontro, já na fase das perguntas e respostas, e uma das que mais terá ficado na mente de todos os presentes.


Sejam verdadeiros apóstolos e artífices de promoção da dignidade do ser humano - D. Rui Valério
À Renascença, D. Rui Valério define a ACEGE como “um maravilhoso projeto da Igreja presente nas empresas onde tantas famílias encontram a sua fonte de sustento e onde tantos encontram a sua fonte de realização”. Deixa o apelo para que todos sejam “verdadeiros apóstolos e artífices de liberdade, de justiça, de Evangelho, da promoção da dignidade do ser humano, da paz e que o trabalho seja na senda de continuidade da criação de Deus”.
Definindo o trabalho como um dom divino, é feito um apelo à ética individual de cada um. “O tempo é dinheiro”, começa por dizer no discurso do final do almoço para gargalhada geral, prometendo, de forma a ser mais rápido nas palavras manter-se fiel ao texto.
Vivemos rodeados de tecnologia, numa mentalidade que, para D. Rui Valério, tem como regra pensar em formas de “produzir o máximo despendendo o mínimo” e sempre de maneira eficiente e competente – “valores sagrados hoje em dia”.
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O patriarca de Lisboa propõe um caminho diferente aos empresários e gestores: “o ser humano é sempre uma pessoa, é sempre um ser relacional, que advoga não só o direito à vida como à dignidade”. Pede para que não caiam na ratoeira proposta pela correria do dia-a-dia: “A presença de Cristo na empresa e na vida leva-nos a encontrar no outro parcelas de Deus; a descobrir que cada pessoa é um inteiro, uma dimensão física, psíquica, afetiva, familiar, relacional, espiritual, transcendente”.
“Fazer da empresa um monte das bem-aventuranças”. São oito os ensinamentos que advêm do Evangelho de São Mateus. São oito os ensinamentos que o patriarca de Lisboa quer ver aplicados.
O bispo, que vem dos da congregação religiosa dos Missionários Monfortinos, deixou o desafio de fazer das empresas um monte das bem-aventuranças.


Sejam concretos e corajosos no sentido de levar o humanismo às empresas - Patrícia de Melo e Liz
Numa referência ao texto do apóstolo, elencou um a um os bem-aventurados que podem ser encontrados no quotidiano empresarial: os pobres (“não porque não têm nada, mas porque têm tudo o que nos realiza como pessoas, profissionais, crentes”); os que choram (“um choro que não advém de uma carência, mas da compaixão dos que não têm trabalho ou dos que o tendo não se sentem realizados”); os mansos (com uma “mansidão própria dos humildes, dos que sabem que não são o topo do mundo”); os que têm fome e sede de justiça (“a empresa é oficina de justiça, porque há essa comum vontade de a realizar”); os misericordiosos (no sentido de “agir e abordar a fragilidade de cada pessoa não com o rigor da punição e da humilhação, olhando para o outro com compreensão e ternura”); os puros de coração (apelando a uma “visão de Deus que torna o olhar puro e límpido”); os pacificadores (“a paz que se materializa em gestos concretos e que permite que todos se sintam irmãos, filhos de Deus”); e os que sofrem perseguição por causa da justiça (“que não falte nas nossas empresas a coragem para que essa justiça prevaleça).
Neste arranque do ano da ACEGE, também em declarações à Renascença, a presidente Patrícia de Melo e Liz deixou um desafio, por fim, a quem trabalha no meio empresarial: “Sobretudo que no meio da complexidade que vivemos a nível nacional e mundial que sejam concretos e corajosos no sentido de levar o humanismo às empresas, de fazer prosperar as suas pessoas, de trazer esperança alicerçada na fé”.