11 out, 2025 - 11:45 • Aura Miguel
O Papa incentiva os filósofos a dialogar com todos porque “fé e razão completam-se”. Numa mensagem enviada ao Congresso Internacional de Filosofia, que decorre na Universidade Católica de Assunção, no Paraguai, Leão XIV afirma que o crente não deve manter-se distante do que propõem outras escolas filosóficas não cristãs, mas sim ”entrar em diálogo com elas a partir da Sagrada Escritura”.
Citando Pio XII, o teólogo Karl Barth e o próprio Santo Agostinho, o Papa recorda que uma atitude de desconfiança em relação à filosofia manifesta um desamor pela sabedoria. ”Sei por experiência própria que a incredulidade costuma estar ligada a uma série de preconceitos históricos, filosóficos e de outras ordens. Sem reduzir a filosofia a uma mera ferramenta apologética, é imenso o bem que um filósofo crente pode conseguir com seu testemunho de vida”, diz Prevost.
Evidenciando os limites do pelagianismo ou, na modernidade, do pensamento hegeliano, Leão XIV lembra como é ilusório “pensar que a razão e a vontade bastam por si mesmas para alcançar a verdade”.
A este respeito, recomenda não esquecer que “a filosofia, sendo uma árdua tarefa da inteligência humana, pode escalar cumes que iluminam e enobrecem, mas também descer a abismos obscuros de pessimismo, misantropia e relativismo, onde a razão, fechada à luz da fé, se torna sombra de si mesma”.
”Com genuína empatia para com todos, devemos oferecer nossa contribuição para que a nobre tarefa de filosofar revele mais e melhor a dignidade do homem criado à imagem de Deus, a clara distinção entre o bem e o mal e a fascinante estrutura do real que conduz ao Criador e Redentor", aconselha.
Leão XIV também cita São Justino, São Boaventura e Santo Tomás de Aquino que destacaram como “a fé e a razão não só não se opõem, mas se apoiam e se complementam de modo admirável”.
A mensagem do Papa não esquece o contributo de São João Paulo II que, na carta encíclica "Fides et ratio", aprofundou precisamente “a íntima relação entre a sabedoria teológica e o saber filosófico, como uma das riquezas mais originais da tradição cristã”.
Leão XIV sublinha ainda que “num tempo em que tantas coisas, e até mesmo as próprias pessoas, são vistas como descartáveis, e em que a multiplicação dos avanços tecnológicos parece deixar na penumbra os problemas mais transcendentais, a filosofia tem muito a questionar e muito a oferecer, no diálogo entre fé e razão e Igreja e mundo”.