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Humano e divino. Biblistas promovem debate sobre identidade de Cristo

03 nov, 2025 - 09:00 • Ângela Roque

'Jesus, Filho de Deus: Verdade ou Blasfémia’ é o tema das I Jornadas da Associação Bíblica Portuguesa, que abrem com diálogo entre a escritora Lídia Jorge e o bispo auxiliar de Lisboa, D. Alexandre Palma. Reflexão prossegue sábado, com quatro biblistas. Iniciativa realiza-se em parceria com a Brotéria, em Lisboa, mas pode participar-se à distância.

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A Brotéria, em Lisboa, acolhe a 7 e 8 de novembro as I Jornadas da Associação Bíblica Portuguesa, sob o tema “Jesus, Filho de Deus. Verdade ou Blasfémia?”. O objetivo é promover a reflexão sobre a figura do “misterioso homem de Nazaré”.

Os trabalhos iniciam-se na sexta-feira, das 19h00 às 20h30, com o painel intitulado “Do Nazareno ao Niceno”, numa conversa entre a escritora Lídia Jorge e o bispo auxiliar de Lisboa D. Alexandre Palma, moderada pelo jornalista Henrique Monteiro.

No sábado, quatro especialistas em Bíblia vão abordar a questão da identidade messiânica de Jesus, explorando as raízes judaicas do messianismo e da reflexão cristológica do Novo Testamento.

Um título provocatório?

Um dos oradores, sábado, será o padre Francisco Martins, jesuíta, doutorado em Bíblia pela Universidade Hebraica de Jerusalém que, atualmente, dá aulas no Pontifício Instituto Bíblico de Roma. Em declarações à Renascença explica que estas I Jornadas da Associação Bíblica Portuguesa, da qual é vice-presidente, pretendem promover uma reflexão sobre quem é Jesus para os cristãos, quando se assinalam os 1700 anos do Concílio Ecuménico de Niceia.

“O título inspira-se na questão de quem é Jesus Cristo para os cristãos. Somos biblistas e, portanto, a nós interessa-nos o princípio desta reflexão sobre a figura de Jesus, que é humano, mas também é divino, é filho de uma mulher e, ao mesmo tempo, é filho de Deus”.

“Evidentemente, no contexto concreto das primeiras comunidades, dos primeiros cristãos, esta reflexão é feita sob o pano fundo de uma rejeição de Jesus por uma parte muito significativa do povo judeu. Para alguns, provavelmente esta afirmação de que Jesus era filho de Deus era uma blasfémia, mas para outros não”, refere.

Francisco Martins será o primeiro a intervir, sábado, às 10h15, sobre o tema “Blasfémia para os judeus? Sim… e não”. Segue-se a intervenção, às 12h, do padre César Silva, intitulada ‘No princípio, era a Cristologia: os hinos pré-paulinos e a filiação divina de Jesus’.

Às 14h45 o padre João Alberto Correia falará sobre ‘O Jesus sinótico: da pessoa única à visão plural’, baseado nos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). ‘Um Cristo sem fraturas: a construção de Jesus no Evangelho de João’ é o título da intervenção, às 16h30, do padre Mário Sousa, presidente da Associação Bíblica.

Nova tradução da Bíblia à espera de revisão final

Um dos objetivos destas Jornadas é dar a conhecer o trabalho da Associação Bíblica, criada em 2012 e que se tem dedicado à nova tradução da Bíblia, a pedido da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Um trabalho que está praticamente concluído.

“Quase todos os livros já estão publicados em PDF, no site da Conferência Episcopal. No Novo Testamento está tudo traduzido e tudo revisto, e no Antigo Testamento está tudo traduzido e quase tudo revisto. É possível que nos próximos meses, no próximo ano, esse trabalho seja concluído e se confie o texto à CEP, que depois decidirá o que fazer, se pede mais revisões ou se submete imediatamente os textos a Roma. Isso já não é a Associação Bíblica a responsável, será a Conferência Episcopal a tomar essas decisões”.

Depois de aprovada, não só pelos bispos portugueses, mas também pelo Vaticano, espera-se que a nova tradução integral da Bíblia venha a ser usada na Liturgia. As achegas e comentários às novas traduções devem ser enviados através do endereço eletrónico biblia.cep@gmail.com.

“Esse é o nosso trabalho principal, e este ano decidimos inovar, de alguma forma, realizando estas Jornadas, que esperamos venham a ser as primeiras de muitas”, acrescenta o padre Francisco Martins. Desta vez realizam-se em Lisboa, e para participar é preciso inscrição prévia. Deve ser feita no site da Brotéria, mas quem não puder estar presencialmente pode participar à distância.

“Decidimos por este formato híbrido: é possível estar presente, sexta e sábado, mas para quem por qualquer não conseguir é possível inscreverem-se também online e conseguem seguir as Jornadas em direto e interagir com os oradores, em qualquer dos dias e dos painéis”, indica aquele responsável.

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  • Manuel Figueiredo
    04 nov, 2025 Seleccione uma opção 12:13
    Boa notícia. Espero que NÃO se caia na tentação de usar a escrita ilegal e inconstitucional do chamado AO90.

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