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Prémio para professores que ajudem a ensinar Camões de outra forma

03 jan, 2025 - 10:33 • Maria João Costa

A estrutura de missão para as Comemorações do V Centenário do nascimento de Camões vai organizar várias exposições e congressos em torno do poeta e quer convocar os professores para encontrar novas fórmulas de ensinar a lírica de Camões.

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Luís Vaz de Camões “não pode ser ensinado como era antes”, diz o comissário que coordena as Comemorações do V Centenário do poeta.

Em entrevista ao Ensaio Geral, da Renascença, José Augusto Cardoso Bernardes considera que há novos desafios na comunidade escolar que implicam novas fórmulas de ensino.

“Queremos melhorar a presença de Camões na escola”, explica o académico de Coimbra que abraçou esta missão. No entanto, José Bernardes esclarece que não têm “a pretensão de ensinar aos professores como é que devem fazer”.

As comemorações que vão decorrer ao longo do ano de 2025 e que durarão até 10 de junho de 2026 querem estimular a leitura de Camões e o conhecimento sobre o poeta de “Os Lusíadas”.

É na escola que muitos portugueses tomam contacto com a poesia de Camões. “Toda a gente sabe quem é o Adamastor, a Ilha dos Amores, e toda a gente sabe reproduzir de cor versos como “O Amor é fogo que arde sem se ver”, diz o comissário.

José Cardoso Bernardes lembra, no entanto que “já não existem turmas homogéneas” e que isso exige novos métodos. “Existem turmas heterogéneas em termos de religião, de proveniência cultural, étnica, geográfica e Camões não faz o mesmo sentido para cada um desses alunos”.

Para afinar a forma de dar Camões na escola aos dias de hoje, a comissão pede a ajuda dos professores. “Vamos instituir um prémio para que os professores nos apresentem estratégias ajustadas ao nosso tempo”, explica José Cardoso Bernardes.

“Queremos muito também levar Camões para fora da escola e, portanto, queremos muito que o contato que hoje os alunos têm com os textos de Camões no 9º e no 10º ano pudesse ser prolongado em termos de prazer e, sobretudo, em termos de interpelação”, diz o professor de Coimbra.

No plano das comemorações estão previstas várias exposições, uma dela a abrir já a 9 de janeiro, em Coimbra. “Vamos levar Camões a todas as capitais de distrito, às regiões autónomas e também às escolas portuguesas espalhadas pelo mundo”, diz José Bernardes.

A ideia é implementar uma “iniciativa que tem por título ‘Um dia para Camões em…’, e que pode ser em Coimbra, na Guarda, em Vila Real, etc”, diz o comissário.

“Vamos convocar as pessoas e falar de Camões de uma forma diferente, e acompanhar essas palestras de música do tempo de Camões”, acrescenta o comissário que indica também a realização de dois congressos sobre o poeta que segundo José Bernardes “continua a ser objeto de controvérsias”.

“Vamos ter dois congressos, um em Coimbra, já no outono de 2025, exclusivamente centrado no ensino de Camões. Depois teremos um grande congresso em Lisboa, já na primavera de 2026, que será uma reunião magna de camonianos”.

Questionado sobre a atualidade da escrita de Luís Vaz de Camões, o comissário para as comemorações lembra que o autor de ‘Os Lusíadas’ “é um poeta que revela, tanto na sua obra lírica, como na sua obra épica, e mesmo na sua obra dramática, uma consciência de mundo que é, na língua portuguesa, verdadeiramente nova”.

Numa época marcada por intolerância e políticas de cancelamentos, na opinião de José Bernardes “o grande desafio do nosso tempo é aprofundar esta consciência de mundo” da qual Camões é o exemplo.

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