16 jan, 2025 - 20:01 • Maria João Costa
Faltam menos de três meses para a abertura da Expo 2025, em Osaka, no Japão, onde Portugal investiu 21 milhões de euros na sua participação. O pavilhão português está ainda em construção e expetativa é que receba 1,4 milhões de visitantes.
O edifício desenhado pelo arquiteto nipónico Kengo Kuma é feito de cordas marítimas e redes de pesca a remeter para o tema desta exposição mundial, os oceanos.
Mais de 20 anos depois na Expo 98 de Lisboa, é ainda preciso acelerar na preservação dos oceanos, lembrou esta quinta-feira o presidente da Fundação Oceano Azul. José Soares dos Santos lembra que “Portugal foi pioneiro” e que “os oceanos são críticos para a vivência do planeta como ecossistema” e criticou “a lentidão na proteção dos oceanos nos últimos 30 anos”.
Aos membros do Governo que assistiram esta quinta-feira, no auditório do Oceanário de Lisboa, à apresentação da participação nacional na Expo de Osaka, Soares dos Santos deixou um pedido: “Temos de ser mais rápidos, não podemos ter tanto medo, nem acomodar tantas opiniões. Não podemos perder mais tempo. Todas as decisões que tomámos nos próximos meses vão ter impacto nos próximos anos. Temos de ter coragem”, afirmou
A Expo 2025 vai acontecer na ilha de Yumeshima e vai ocupar uma área de mais de 155 hectares. Portugal será um dos 160 países presentes nesta exposição mundial que espera 28 milhões de visitantes e terá como tema “Oceano: Diálogo Azul” no seu pavilhão.
Na apresentação, a comissária Joana Gomes Cardoso explicou que “não é o país do século XVI, que os japoneses conhecem bem, nem a pequena nação simpática da ponta de Europa” que Portugal levará ao Japão, “mas sim o país com uma geografia marítima avassaladora e com uma das maiores zonas económicas exclusivas do mundo”.
Com isto, referiu a comissária, Portugal “tem uma responsabilidade e contributo a dar ao mundo, que até os negacionistas sabem. O oceano é uma peça chave na resposta aos desafios das alterações climáticas”. “Não é bazófia nacionalista”, rematou a comissária, que à margem explicou que no Pavilhão de Portugal será apresentada uma exposição sobre o mar.
O arquiteto japonês Kengo Kuma, o mesmo que recentemente fez a ampliação do Centro de Arte Moderna da Gulbenkian, é o autor do Pavilhão de Portugal. Vai usar “toneladas de cabos marítimos e redes de pesca recicladas”, explicou Joana Gomes Cardoso.
Essas cordas e redes ficam suspensas numa espécie de “instalação cénica que simboliza a praça superior suspensa como uma onda”, lê-se no comunicado, e vai ficar perto do pavilhão do país anfitrião, tendo por isso uma localização estratégica.
Em termos de conteúdo a exposição permanente será “sobre o mar com a tónica do futuro”, explicou a comissária, que indicou que estão também previstas muitas atividades de programação no espaço do pavilhão e fora dele.
Questionada pela Renascença sobre se Portugal também mostrará a sua gastronomia, Joana Gomes Cardoso lembrou os tradicionais “peixinhos da horta” portugueses que são inspirados na tempura japonesa e que também irão levar a cozinha nacional à Expo. O pavilhão terá mesmo um espaço de restauração dedicado à promoção da gastronomia portuguesa.
O pavilhão de Portugal será o palco para o país também apresentar a sua cultura, com a participação de nomes sobretudo da área do Fado, como Camané, Ricardo Ribeiro ou Carminho, mas também Ana Moura ou Dino D’Santiago.
Das artes marcarão presença artistas como o fotógrafo Daniel Blaufuks, Ana Aragã - que recentemente fez sucesso com uma exposição no Japão - ou Vanessa Barragão, que viu uma peça sua colocada na sede da ONU, em Nova Iorque.
O dia de Portugal na Expo de Osaka está agendado para 5 de maio, coincidindo com o Dia Mundial da Língua Portuguesa, e contará, como indicou Luís Montenegro, com a presença do primeiro-ministro no Japão.
“Este pavilhão vai estar ao serviço da arquitetura”, destacou ainda Joana Gomes Cardoso. A comissária explicou que vão organizar várias exposições dando palco a arquitetos portugueses como Siza Vieira, Ricardo Back Gordon, Aires Mateus e Inês Lobo.
Questionada se essa aposta se prende com o facto de compensar os arquitetos portugueses por nenhum deles ser o autor do Pavilhão de Portugal, Gomes Cardoso admite que “foi uma resposta ao facto de termos um arquiteto que não era português”
Com organização do AICEP e do Turismo de Portugal, a presença portuguesa na Expo de Osaka será um momento para o país “com vocação universal e ecuménica” fazer como que “o mundo descubra Portugal”, considerou Luís Montenegro na apresentação.
Segundo o primeiro-ministro, “a Expo é o local onde podemos atingir esse objetivo de forma mais rápida”. Nas palavras do governante, Portugal é o “país que junta à estabilidade política e financeira, a capacidade na academia” e que “vale a pena mostrar para alavancar a economia e o nosso papel no mundo, na promoção da paz”.
Sem especificar a quem se referia, Montenegro afirmou: “Serão poucos aqueles que em Portugal não se identificam com a valorização da dignidade das pessoas, com a garantia dos seus direitos fundamentais e com a promoção e aprofundamento do regime político que é a democracia”.
O primeiro-ministro, que se deslocará ao Japão para o dia nacional, sublinhou ainda as “tradições”, um “ativo” que o nosso país irá levar à Expo 2025. A terminar o discurso, Montenegro fez ainda referência à “coerência e estabilidade do projeto que começou com o Governo anterior”. “Não temos nenhum problema que grande parte do trabalho que nos trouxe até aqui, não fomos nós que fizemos, mas não quer dizer que não tenhamos apreço”.
A Expo 2025 Osaka começa a 13 de abril e decorre até 13 de outubro. Para marcar o dia de Portugal, a 5 de maio, haverá um concerto de homenagem a Amália Rodrigues que chegou a atuar no Japão.
A Umi será a mascote da presença portuguesa. Trata-se de um cavalo-marinho pintado de azul e branco como os azulejos tradicionais portugueses. Em japonês a palavra Umi quer dizer oceano.