09 jun, 2025 - 23:10 • João Pedro Quesado com Reuters
Morreu esta segunda-feira Sly Stone, a força por detrás da banda "Sly and the Family Stone", um grupo diverso norte-americano que misturava rock, soul e música psicadélica com letras repletas de consciência social. O músico tinha 82 anos.
Sly Stone morreu "pacificamente, rodeado dos seus três filhos, o amigo mais próximo e a família alargada" depois de "uma prolongada batalha contra doença pulmonar obstrutiva crónica e outros problemas de saúde", anunciou a família em comunicado, acrescentando: "Enquanto estamos de luto pela ausência dele, somos consolados por saber que o seu extraordinário legado musical vai continuar a ecoar e inspirar as próximas gerações".
Stone ficou conhecido pelo concerto, em 1969, no festival de música e arte de Woodstock, um dos maiores festivais da história que se tornou sinónimo da contracultura que marcou a década de 1960.
O grupo "Sly and the Family Stone" era presença constante nas listas de músicas mais ouvidas nos EUA no final dos anos 1960 e 1970, com sucessos como "Dance to the Music", "I Want to Take You Higher", "Family Affair", "Everyday People", "If You Want Me to Stay" e "Hot Fun in the Summertime".
No álbum de 1971, "There's a Riot Goin' On", Sly Stone criou, quase de forma isolada, uma reflexão sobre a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos da América e o idealismo da era pós-Segunda Guerra Mundial.
Ao The Guardian, Nile Rodgers, um guitarrista e produtor musical que começou por tocar na banda do programa "Rua Sésamo", disse, em 2021 — no 50.º aniversário do álbum — que as músicas transmitiam uma imagem positiva aos jovens afro-americanos.
"Muitos dos problemas que estávamos a enfrentar – e infelizmente continuamos a enfrentar – estávamos a começar a falar e lidar com eles diretamente na nossa música pop. Os artistas negros tradicionalmente não tinham a liberdade para o fazer, ao contrário dos artistas brancos, mas o Sly estava na vanguarda disso. Parecia que tinha chegado a nossa hora. Pode-se dançar ao som de "Family Affair", mas a música fala sobre o bonito mosaico de pessoas na Terra", destacou Rodgers.
A artista tinha agendado um espetáculo no Theatro (...)
A música de Stone tornou-se menos alegre depois dos anos 1960, refletindo a polarização do país no ambiente da oposição à Guerra do Vietname e das tensões raciais, que levaram a manifestações e fortes confrontos com a polícia em universidades e em bairros afro-americanos de grandes cidades dos EUA.
No início da década de 1970, Stone tornou-se instável e faltou a concertos, levando alguns membros a deixar a banda.