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Jerry dos gelados Ben & Jerry's abandona empresa por pressões contra o seu ativismo

18 set, 2025 - 07:40 • João Malheiro

Jerry Greenfield defende que "lutar pelos valores de justiça e igualdade nunca foi tão importante", mas realça que a marca Ben & Jerrys's "está a ser silenciada, devido ao medo de incomodar quem está no poder".

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Jerry Greenfield, um dos fundadores da Ben & Jerry's decidiu afastar-se da empresa por pressões contra a sua postura ativista e a perda de autonomia da marca de gelados.

Num comunicado partilhado por Ben Cohen, o outro cofundador, Jerry Greenfield refere que a sua independência, que sempre tentou manter quando a marca foi vendida ao conglomerado Unilever, desapareceu.

"Acontece numa altura em que a administração do nosso país está a atacar direitos civis, o direito ao voto, imigrantes, mulheres e a comunidade LGBTQ", sublinha o texto.

Jerry Greenfield defende que "lutar pelos valores de justiça e igualdade nunca foi tão importante", mas realça que a marca Ben & Jerrys's "está a ser silenciada, devido ao medo de incomodar quem está no poder".

"É fácil falar quando nada está em jogo. O verdadeiro teste dos nossos valores é quando agimos quando temos algo a perder", aponta.

"Nunca foi só sobre gelado. Foi sobre espalhar amor e convidar outros para participar na luta pela igualdade e um mundo melhor. Chegar à conclusão que isso já não é possível na Ben & Jerrys, significa que já não posso fazer parte da Ben & Jerry's", conclui.

Fundada em 1978 no estado norte-americano do Vermount, a Ben & Jerry's é das maiores marcas de gelados no mundo, vendidas em vários territórios, incluindo em Portugal. Em 2000, a marca foi comprada pela Unilever, num acordo que previa a autonomia da empresa, enquanto uma subsidiária independente.

Ben Cohen e Jerry Greenfield assumiram-se sempre como ativistas, defendendo várias causas, como a luta contra o racismo, a desigualdade de género, a proteção do ambiente, e a postura dos EUA em conflitos como a guerra na Ucrânia ou o conflito na Faixa de Gaza.

Esta não é a primeira vez que a fabricante de gelados entra em conflito com a Unilever. Em novembro, a Ben & Jerry’s processou a empresa cabeça do conglomerado, acusando-a de silenciar declarações de apoio aos palestinianos.

Nessa queixa, foi referido também que a Unilever recusava a publicação nas redes sociais de temas que pudessem ser problemáticos no novo mandato do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como o salário mínimo, a saúde universal ou o aborto.

Em março deste ano, a Ben & Jerry’s acusou a Unilever de demitir ilegalmente o CEO David Stever, como resposta ao ativismo social e político praticado pela fabricante de gelados.

A Unilever informou a direção no dia 3 de março que removeria o então diretor-executivo David Stever e o substituiria, decisão que viola o acordo de fusão com a holding, uma vez que qualquer decisão de demissão do presidente executivo deve acontecer após uma consulta da administração da empresa de gelados.

Em maio de 2024, a Unilever anunciou que iria fazer a separação do seu negócio de gelados no fim de 2025 como uma parte de uma reestruturação maior. A Unilever é também conhecida por marcas como a Dove, a Knorr, Rexona ou a Hellmann’s.

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