O bispo de Setúbal, D. José Ornelas, está preocupado com a gestão das verbas do PPR: “Espero que a 'bazuca' não fique pelo caminho, nas mãos e nos bolsos de alguém”. Em entrevista à Renascença, o bispo diz ainda esperar que a pandemia “nos tenha ensinado também a viver de um modo mais simples mais solidário” e não esconde receio face ao perigo de o confinamento ter “criado raízes”. A saúde mental é para D. José Ornelas outra preocupação no pós-pandemia.
D. António Luciano Costa espera que a chamada "bazuca europeia" olhe para "o interior tão despovoado”. Em entrevista à Renascença, o prelado diz que “o Interior não pode ser bom apenas para se vir cá, porque tem boas águas, bom vinho, ou outros produtos” e conta que a sua experiência profissional de enfermeiro o tem ajudado nestes tempos de crise sanitária.
D. Virgílio Antunes defende melhorias na qualidade da relação entre o Estado e as instituições particulares de solidariedade social (IPSS) e sugere que “os poderes públicos têm de olhar para as instituições como um parceiro e nunca como um concorrente”. Em entrevista à Renascença, o bispo de Coimbra encontra na solidariedade e na humildade duas das grandes lições a retirar da pandemia e destaca a solidão como um dos fatores mais duros da crise sanitária.
D. Antonino Dias diz à Renascença que “os incentivos à fixação” de pessoas no Alentejo são insuficientes. Queixa-se de que "os apoios de mais alto não chegam", mas faz questão de salvaguardar a ação dos autarcas, que "batem o pé e chamam a atenção para a necessidade de investimentos”. Em 13 anos na diocese, o bispo diz que "ordenou três sacerdotes" e que já foi “ao funeral de mais de 40”.
D. António Augusto Azevedo lembra que um país que se organize apenas à volta de dois ou três polos, é desequilibrado, injusto e empobrecido. Em entrevista à Renascença fala das dificuldades provocadas pelo despovoamento do Interior e diz que a pandemia reforçou a necessidade de uma reflexão sobre que país virá a seguir.
“Fomos obrigados por esta pandemia a ter medo uns dos outros”, diz D. Nuno Brás, que teme a possibilidade de este sentimento se ter instalado. O bispo do Funchal deteta já sinais de recuperação económica na ilha, depois de uma fase em que o número de pedidos de apoio à Cáritas aumentou, tal como o dos sem abrigo na cidade do Funchal.
D. Rui Valério declara-se surpreendido pelo facto de “Portugal ainda não ter despertado para a mais valia de uma instituição tão competente, tão eficiente, tão capacitada” como as Forças Armadas. Em entrevista à Renascença, o bispo castrense afirma que a pandemia mostrou que, a par da Igreja, “as Forças Armadas são os alicerces da nação”.
O fenómeno do isolamento e da solidão é antigo na diocese, mas a pandemia acentuou o problema. D. José Cordeiro aponta uma nova realidade: a necessidade de prestar apoio a estudantes estrangeiros. Em entrevista à Renascença, o bispo diz ainda que “o período de tempestade” do qual estamos a sair "implica todos na missão".
D. António Moiteiro não tem dúvidas de que "a pandemia fez com que as desigualdades sociais aumentassem", afetando mais aqueles que estavam "em fragilidade".
D. António Couto considera que a pandemia acentuou o sentimento de abandono e aconselha os governantes a visitarem o território para melhor perceberem as reais necessidades da população.
“Há gente que passa mal, garante D. João Marcos. "Alguns batem-me à porta e ajudamos conforme podemos”, diz o prelado, que também está preocupado com outro efeito da pandemia: o afastamento da prática religiosa em Beja.
O tráfico de pessoas, o despovoamento do interior e a sustentabilidade das instituições particulares de solidariedade social (IPSS) são as grandes preocupações de D. Manuel Felício.
A violência é uma preocupação central de D. José Traquina, em particular a que se verifica no seio familiar. O prelado que lidera Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade chama a atenção para a necessidade de acolher e integrar os imigrantes, defende que o Estado assegure metade das despesas das IPSS e elogia o trabalho dos lares.
A pandemia trouxe "um aumento para cima dos 60 a 70%" na procura de ajuda junto das instituições da Igreja algarvia. O regresso a alguma normalidade dá esperança, mas D. Manuel Quintas avisa: "Seria mau esquecermo-nos do que temos passado."
O bispo de Angra sublinha que o medo "é muito traiçoeiro" porque leva a "um mau estar psicológico e espiritual”. D. João Lavrador diz ainda que, em Portugal, “o povo açoriano foi o que mais sofreu" com a pandemia e alerta: "Autonomia não é dizer 'agora, governem-se por si próprios'".
O bispo D. Manuel Linda aponta, além das mortes, o facto de "ter de encerrar o culto" quando não havia "nenhum modelo histórico de outra altura da vida em que isso tivesse acontecido" como as principais dificuldades que sentiu nesta crise pandémica.
Bispo há quase 33 anos, D. Jorge Ortiga tomou posse dos destinos da arquidiocese de Braga a 18 de julho de 1999. Nesta entrevista, revela que nas mais de duas décadas como Primaz de Braga nunca encontrou situações de “pobreza envergonhada” como as que agora lhe entram pelo gabinete.