ricardo salgado

Repreendido em tribunal no julgamento do processo Marquês, antigo primeiro-ministro sente-se vítima de " hostilidade latente" da juíza Susana Seca.

Sete anos depois de ser acusado, José Sócrates sentou-se finalmente no banco dos réus. Na primeira sessão do julgamento da Operação Marquês — um dos maiores e mais mediáticos processos judiciais da democracia portuguesa —, a estratégia da defesa centrou-se em manobras dilatórias e críticas à magistrada. Mas ainda houve tempo para momentos insólitos durante a identificação dos arguidos. Sócrates ironizou ao ser questionado sobre a sua data de nascimento: “Sou forçado a dizer?", enquanto o ex-motorista, João Perna, afirmou estar "solteiro, por enquanto".

O advogado de Ricardo Salgado lamentou também que a Justiça continue a não tirar consequências da doença do arguido, mas louvou o facto de o tribunal ter reconhecido que o cliente sofre de uma doença cognitiva.

Antiga diretora do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) considera ser importante acelerar os processos a partir da fase de instrução, sublinha que a atual litigância de má-fé não faz mossa e a Operação Marquês mostra abuso do direito de defesa.

Defesa do ex-banqueiro, que alega incapacidades cognitivas e motoras para o arguido não participar no julgamento, pediu a extinção ou suspensão do caso. Ministério Público queria presença de Salgado. Tribunal não ignora doença, mas indefere nova perícia.

Condenado em março de 2022 a uma pena única de seis anos de prisão por três crimes de abuso de confiança, Ricardo Salgado viu a Relação de Lisboa agravar em maio de 2023 a pena para oito anos e recorreu para o Supremo Tribunal de Justiça.

Ricardo Salgado, Álvaro Sobrinho e outros arguidos respondem, em geral, por abuso de confiança, branqueamento e burla e negam a prática dos crimes.

A presença em julgamento "mais do que um dever, constitui também um direito", seja para prestar declarações ou para permanecer em silêncio. Ausência de Salgado, sendo justificada, também não constitui "motivo de adiamento do julgamento".

No Explicador Renascença desta sexta-feira temos um caso de justiça. O Tribunal da Relação manteve as condenações de Manuel Pinho e Ricardo Salgado, no caso EDP. É mais um episódio deste longo processo, que começou a ser investigado em 2012.

Manuel Pinho, de 70 anos, foi condenado por corrupção passiva, branqueamento de capitais e fraude fiscal; Ricardo Salgado, de 80 e diagnosticado com Alzheimer, por corrupção ativa e branqueamento de capitais.