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Reparações coloniais. Como é que outros países agiram?
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Reparações coloniais. Como é que outros países agiram?

29 abr, 2024 • André Rodrigues


Se há ações cujos responsáveis não foram presos, ou bens saqueados que não foram devolvidos, o Presidente da República promete ver como é que isso pode ser reparado. Mas não concretiza.

Tem sido a polémica a marcar os últimos dias. O Presidente da República defende que Portugal deve pagar os custos da escravatura e dos massacres coloniais, o que gerou um coro de críticas sobretudo à direita.

É a primeira vez que Marcelo fala sobre isto? E como é que outros países agiram perante o mesmo tema?

O Explicador Renascença esclarece.

O que Marcelo disse foi novidade?

Não. Esta opinião do Presidente da República não é de agora.

Já o tinha dito há um ano, aquando da sessão de boas vindas ao Presidente do Brasil, também no 25 de Abril.

Na altura, Marcelo defendeu que Portugal deve um pedido de desculpa, mas acima de tudo deve assumir plenamente a responsabilidade pela exploração e pela escravatura no período colonial.

Não é muito diferente do que disse desta vez...

Não é muito diferente, mas desta vez Marcelo deixa uma promessa.

Se há ações cujos responsáveis não foram presos, ou bens saqueados que não foram devolvidos, o Presidente da República promete ver como é que isso pode ser reparado. Mas não concretiza.

O que diz o Governo a esta sugestão?

Discorda do Presidente e diz mesmo que não esteve nem está em causa nenhum processo com o objetivo de fazer a reparação histórica nos termos em que Marcelo defende.

No entanto, o Governo lembra que o Estado português tem tido gestos e programas de cooperação.

Por exemplo, está nesta altura a ser executado um programa estratégico de cooperação que prevê quase 1.200 milhões de euros em projetos nos PALOP até 2027.

Em causa estão linhas de crédito, projetos em setores prioritários, como Educação, Saúde, emprego e modernização de Infraestruturas.

Em relação à Europa, estamos atrasados?

Estamos aquém do que se faz noutros países. Por exemplo, a França tem liderado este movimento, ao devolver objetos de arte retirados das antigas colónias francesas.

Em 2017, Macron disse que os crimes da colonização europeia são incontestáveis e que, no caso francês, o património não poderia ficar aprisionado nos museus.

Desde essa altura, o Estado francês devolveu 26 objetos ao antigo reino do Benim... objetos pilhados num quadro de violência colonial.

Movimento que foi seguido por outros países, como a Alemanha que também já devolveu objetos furtados ao Benim e à Namíbia.

A Suíça entregou vários objetos ao Egipto e os Países Baixos devolveram quase 600 obras de arte à Indonésia.

Até o Reino Unido, que é visto como um tímido reparador do passado colonial: o Museu do Britânico e o Museu Victoria e Albert devolveram mais de 30 peças de ouro e prata ao Gana, mas a título de empréstimo durante seis anos.

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  • ze
    29 abr, 2024 aldeia 11:16
    e que povos ou nações irão pagar a nós?Isto se não é distrocer a História,é tentar acabar com ela, Portugal uma nação com quase 1000 anos de História,Para mim o grande culpado foi D.Afonso Henriques, que com luta e determinação construiu esta nação á beira mar plantada, depois todos os seus descendentes, os Reis da 1ª á 4ª dinastia,os navegantes e descobridores etc.....Quem de facto deveria um grande pedido de desculpas e reparações ao povo português e compensações etc...foram estes governantes que se têm governado e bem á custa do erário publico e cada vez fazem menos por Portugal.