A+ / A-

Religião

Santa Sé confirma trabalho feito no Sínodo em Portugal

20 mai, 2024 - 17:19 • Ana Catarina André

“Disponibilidade para a renovação” é um dos contributos da Igreja em Portugal para o Sínodo, garante D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra, após a primeira reunião da visita ad limina dos bispos portugueses. Já o Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, assume, a propósito do segundo encontro do dia, que, perante o envelhecimento das comunidades religiosas e a diminuição do número de elementos das mesmas, está em curso “um processo de amadurecimento” desta realidade

A+ / A-

D. Virgílio Antunes, vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, considera que a reunião desta segunda-feira de manhã, no Vaticano, entre os bispos portugueses e a Secretaria geral para o Sínodo dos Bispos – a primeira da visita ad limina – “veio confirmar o trabalho realizado” pela Igreja em Portugal neste âmbito.

“Temos o nosso contributo, talvez humilde e simples a dar [para o Sínodo], sobretudo a disponibilidade para a renovação, para a abertura de horizontes no que diz respeito à evangelização, ao acolhimento das pessoas, ao desenvolvimento de uma relação mais eficaz e mais eclesial entre os membros da hierarquia e a generalidade dos cristãos leigos, dos consagrados, do povo de Deus, e à reorganização das nossas dioceses, paróquias e outros serviços”, diz o prelado.

Após o primeiro encontro da visita ad limina dos bispos portugueses, que teve início esta segunda-feira, D. Virgílio Antunes sublinhou, ainda, aos jornalistas a “envolvência nunca vista” em Portugal no processo sinodal, que está na segunda fase.

De acordo com o bispo de Coimbra, para já, a Santa Sé não adianta soluções para as questões levantadas no Sínodo, até porque está ainda a decorrer. Ainda assim – garante o prelado – “já se está a sentir os efeitos de uma nova mentalidade, de uma nova forma de ser, de estar”. Recorde-se que o relatório divulgado no início de maio apontava para uma Igreja muito centrada no clero e para a necessidade de aprofundar "questões doutrinais e pastorais" como "a moral sexual, o celibato dos padres, a possibilidade de ordenação de mulheres", entre outros temas.

“É muito bom que [nesta visita ad limina] tenhamos começado pelo Sínodo, porque é o assunto que está na centralidade da vida da Igreja nos nossos dias. A nossa Igreja em Portugal, nas suas diferentes dioceses, movimentos, está muito envolvida como podemos ver pela preparação daquela assembleia, pela escuta massiva, tanto quanto foi possível, como agora no segundo momento de escuta”, disse ao final da manhã.

Comunidades religiosas envelhecidas e com menos elementos

Além do Sínodo, o início da visita ad limina ficou também marcado pelo encontro com o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades Apostólicas.

Questionado pela Renascença sobre o envelhecimento e diminuição das comunidades religiosas em Portugal, o Patriarca de Lisboa D. Rui Valério, delegado da Conferência Episcopal para a Vida Consagrada, admite que a Igreja está “num processo de amadurecimento” desta realidade “com o fim de alcançar uma configuração consagrada, seja ao nível carismático, seja ao nível estrutural”.

“Estão a surgir novas configurações ao nível das comunidades, no seu concreto, mas também ao nível da efetivação da missão. Estamos a contemplar o surgimento de novas realidades que existem paredes-meias com a realidade laical – pais de família, mães de família, trabalhadores. Tudo isto esta a ser abraçado por processos ou formas novas que o Espírito Santo está a suscitar na Igreja”, considera o Patriarca de Lisboa.

Sublinhando a importância do diálogo dos consagrados com a sociedade, D. Rui Valério deixa um exemplo: “O Padre Lemaître foi um arauto de evangelização nos laboratórios onde agiu. Aliás, um dos seus grandes e bons amigos era o próprio Eistein. Para quem não sabe, é considerado um dos pais da Teoria do Big Bang. Neste momento, no CERN, esta grande instituição que existe na Suíça onde estão os maiores físicos da europa, muitos desses cientistas são religiosos”.

A última visita ad limina apostolorum dos bispos de Portugal realizou-se em 2015. Por norma, estes encontros com a Santa Sé acontecem de cinco em cinco anos, mas, desta vez, por causa da pandemia e da Jornada Mundial da Juventude, só voltou a realizar agora, nove anos depois. O programa, que culmina na sexta-feira, dia 24, com uma audiência com o Papa Francisco, inclui ainda esta segunda-feira à tarde uma reunião com o Dicastério para a Evangelização e termina com a celebração da missa, na Basílica de São Paulo.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+