Contra Milei, Espanha retira embaixadora da Argentina de forma permanente

A Espanha declarou esta terça-feira como permanente a retirada da embaixadora do país na Argentina. A diplomata foi chamada a regressar a Madrid depois de Javier Milei, o Presidente argentino, ter insinuado que a mulher do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, é "corrupta".

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha anunciou que a embaixadora na Argentina, María Jesús Alonso Jiménez, não regressaria ao posto em Buenos Aires. "A Argentina vai ficar sem um embaixador", disse José Manuel Albares, citado pelo "El País".

Javier Milei foi rápido a criticar a decisão, descrevendo-a como "um disparate típico de um socialista arrogante". Contudo, prometeu não retirar o embaixador argentino de Madrid.

As declarações de Milei carregaram na ferida de Sánchez sobre a mulher, que fez o socialista admitir, no final de abril, renunciar ao cargo devido a uma investigação à mulher, Begoña Gómez, por alegado tráfico de influências e corrupção. A investigação acabou por ser arquivada e Sánchez escolheu não se demitir.

O Presidente da Argentina foi o cabeça de cartaz do encontro dos líderes de extrema-direita em Madrid, durante o fim de semana. O discurso foi no já habitual estilo bombástico.

“As elites globais não se dão conta do quão destrutivo é implementar as ideias do socialismo. Não sabem que tipo de pessoas estão presas ao poder ou que abusos podem gerar. Como quando têm a mulher corrupta, se enlameam e precisam de cinco dias para pensar”, declarou Javier Milei.

Estas declarações provocaram reações furiosas do governo de centro-esquerda contra o "ataque frontal" de Milei, que não pediu desculpa mas voltou a atacar, declarando-se a si mesmo vítima.

Uma breve passagem pelo prolífico perfil de Javier Milei na rede social X permite perceber a dedicação do Presidente argentino, esta segunda e terça-feira, às palavras proferidas no domingo. Num tweet, diz estar a "surfar uma onda de lágrimas socialistas".

A oposição espanhola, liderada pelos conservadores do Partido Popular, acusaram Sánchez de exagerar na reação, de hipocrisia e de fazer mais difícil a vida das empresas espanholas no mercado da Argentina. "A política externa do país não pode ser definida pelos caprichos de uma pessoa", disse fonte do partido, citada pelo "The Guardian".

"O mesmo governo que não retirou o embaixador na Rússia depois da invasão da Ucrânia e depois de Vladimir Putin decidir começar uma guerra que já dura há mais de dois anos está a fazê-lo agora com a embaixadora na Argentina porque Pedro Sánchez se sente insultado por uma palavra que Javier Milei usou num comício", acrescentou a mesma fonte do PP.