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25 de abril

Bárbara sente que Abril “não é só para celebrar”, ela quer “respostas aos problemas”

25 abr, 2023 - 20:52 • Maria Costa Lopes

Quatro gerações olham para o 25 de Abril entre a angústia e a insatisfação. A Revolução dos Cravos está quase a chegar aos 50 anos e os portugueses vieram para a rua celebrar a liberdade, mas também dar voz às dificuldades que sentem no dia-a-dia.

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Já lá vão 49 anos, mas o 25 de Abril continua a marcar várias gerações
Já lá vão 49 anos, mas o 25 de Abril continua a marcar várias gerações

Quase meio século depois do 25 de Abril, Bárbara Pereira sente que não tem capacidade para cumprir um dos desígnios da revolução, a habitação. Tem 24 anos e ganha “um salário médio português” na área de assessoria de comunicação, mas isso não é suficiente para “sair de casa dos pais”.

A jovem espelha a frustração dos muitos que na sua geração não conseguem avançar para a compra ou arrendamento de uma casa. Bárbara caminhou juntamente com milhares de pessoas na Avenida da Liberdade, em Lisboa, que esteve pintada de vermelho no dia que marcou o 49º aniversário da Revolução dos Cravos.

Saíram à rua milhares de pessoas a gritar pela liberdade, mas nem todas as vozes eram de celebração. Uma mistura de angústia com insatisfação percorre as várias gerações ouvidas pela Renascença no desfile.

“Estou aqui pela minha luta que é a habitação”, diz Bárbara que leva um cartaz na mão com a frase: “Casas para morar, não para especular”.A

A assessora de comunicação não está sozinha no protesto, 15 manifestações juntaram-se aos festejos esta terça-feira, com destaque para quem protestou a favor de medidas para a habitação e de apoio aos professores.

“O 25 de Abril não é só um dia de celebração, muitas pessoas usaram esta ocasião para exigir respostas aos seus problemas”, explica Bárbara.

Uma delas é Anabela Carreira. Professora há mais de 30 anos junta a voz a outros profissionais de educação contra as políticas do Ministério. É professora há mais de 30 anos e saiu, mais uma vez, à rua para “lutar pelos direitos dos profissionais de educação”.

Para Anabela, este é um dia “muito simbólico”. Acredita que, neste momento, é o próprio “futuro da democracia” que está em causa.

“O 25 de Abril não é só um dia de celebração, muitas pessoas usaram esta ocasião para exigir respostas aos seus problemas”, Bárbara Pereira, 24 anos.

A professora deixou um pedido ao primeiro-ministro, António Costa, para “apostar na escola pública” e garantir melhores condições para os alunos.

A Revolução dos Cravos, para além de um símbolo de luta, continua a ser um marco a celebrar.

Aline, de 85 anos, saiu para festejar o dia “mais belo” da sua vida.

Já tinha 38 anos quando a canção “Grândola, Vila Morena”, de Zeca Afonso, soou na Renascença, dando o segundo sinal da Revolução. Neste mesmo dia, em 1974, saiu à rua em celebração.

"Não vou assistir a um dia mais belo [do que aquele] na minha vida", Aline.

“Portugal foi libertado pelo povo. Mandaram o povo ficar em casa, mas o povo desobedeceu”, recorda emocionada.

“Não vou assistir a um dia mais belo [do que aquele] na minha vida”, resume.

Maria Adelaide, amiga de Aline, também se lembra desse momento histórico. “O povo veio todo para a rua, desobedeceu… eu também vim para a rua.”

Maria Adelaide, enfermeira, relembra a “importante luta” destes profissionais de saúde pelos seus direitos e encoraja as pessoas a “lutar e organizar-se para ter o que exigem”.

“Tem de haver liberdade e vamos lutar para que a liberdade continue sempre”, interrompe Aline, de cravo na mão.

No desfile estavam pessoas de todas as gerações. Na Avenida da Liberdade podia-se ver várias crianças com os pais.

Simão desce a Avenida da Liberdade às cavalitas do pai, com uma bandeira de Portugal na mão e um sorriso desdentado, repete o que se grita pela rua fora: “Agora e sempre, Abril está presente!”

Também os irmãos, Tomás e Manuel, saíram à rua neste dia “para defender a liberdade”, diz Tomás, o mais velho dos dois. Para os irmãos de 10 e 13 anos, o 25 de Abril “significa passar a ter liberdade para falar e pensar”.

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  • ze
    26 abr, 2023 aldeia 08:23
    Passados 50 anos, e as respostas aos problemas continuam a não se fazer,o eco de abril de Sérgio Godinho na canção Liberdade,continua presente nos dias de hoje,50 anos depois......Estes politicos deveriam ter vergonha.

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