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Opinião de Afonso Cabral
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Opinião

A minha lista para o Europeu vs. a (eventual) lista de Martínez

20 mai, 2024 • Opinião de Afonso Cabral


O comentador e treinador Afonso Cabral faz um exercício especulativo e antecipa a convocatória de Portugal para o Campeonato da Europa (terça-feira, 13h) e compara com as suas escolhas.

Num exercício puramente teórico, tento perceber quais as escolhas de Roberto Martínez para o Euro 2024, quase a serem divulgadas (terça-feira, 13h00). Paralelamente, escolho os meus 26, mas acredito que são duas convocatórias muito próximas, ainda que com diferentes abordagens.

Há que realçar, antes de partirmos para os eleitos, que ao selecionador convém considerar aspetos técnicos e táticos (os ditos melhores jogadores), aspetos físicos (condição, momento de forma, lesões) e ainda aspetos psicológicos, em que considero a gestão de grupo, o ‘bom balneário’ e outras questões. Por isso, há uma base sólida de um grupo de jogadores que ganharam todos os jogos no apuramento para este torneio que devem ter presença confirmada no evento.

Infelizmente para mim, não assisto aos treinos da seleção, não privo com os jogadores e é-me difícil falar do aspeto psicológico dos jogadores extra-campo, por isso as minhas escolhas serão fundamentalmente baseadas naquilo que podem oferecer à equipa no plano tático, olhando ao rendimento dos jogadores não só na seleção, mas também nos seus clubes.

Será sempre um plantel semelhante e um dos favoritos a vencer o Euro, independentemente dos 26 eleitos.

Em relação às escolhas que eu prevejo do treinador, mudava apenas três jogadores: saíam Danilo, Otávio e Rúben Neves e entravam Raphael Guerreiro, Francisco Trincão e Pedro Gonçalves.

Passemos às explicações. Danilo não é neste momento melhor que nenhum dos eventuais centrais convocados e a forma de construir da seleção beneficiá-lo-ia caso fosse canhoto, o que não é o caso. A sua vaga seria para Raphael Guerreiro.

O canhoto, em teoria, seria o lateral ideal para casar com Rafael Leão. Mais até que Nuno Mendes, que prospera no mesmo espaço que o extremo do Milan. Guerreiro é um defesa esquerdo que gosta de jogar por dentro e não se sente desconfortável a médio centro. Numa ótica de ocupação de espaço no corredor central, quando a equipa tem bola, fará todo o sentido, caso as condições físicas dele o permitam. Relembro que o lateral do Bayern fez parte da equipa campeã da Europa em 2016.

Otávio é um jogador cujas características aprecio. O médio desempenha várias funções em muitas posições e essa polivalência é admirável. A energia que traz para a equipa é contagiante e tem uma qualidade acima da média, algo que é norma corrente na nossa seleção, devo dizer.

Por esse fator, e pelo alargamento da convocatória a 26 homens, a polivalência perde alguma relevância. Nesse sentido, a troca com Pedro Gonçalves é óbvia. O futebolista do Sporting traz mais números, algo tão útil ao jogo de futebol, e todas as características que enalteço em Otávio também lhe podem ser apontadas. De resto, o pequeno Pote sagra-se campeão nacional e termina a temporada com mais de 10 golos e mais de 10 assistências pelo terceiro ano consecutivo. Para Otávio, este seria o preço a pagar por estar incluído numa liga menos competitiva como a saudita.

Quanto a Rúben Neves, a análise vai além do facto de ter migrado para o oriente. É um lançador de excelência, todos sabemos, mas essa característica perde preponderância quando se joga frente a um bloco baixo e não se depende das transições como o Wolves, onde o passe longo do trinco formado no dragão o fazia destacar. Defensivamente é aquém de Palhinha e, pela estrutura com que a seleção ataca e defende, a sua incorporação no plantel é pouco justificada.

Não sendo uma reposição orgânica, a inclusão de Trincão fará sentido pelo momento de forma do jogador desde janeiro. A sua convocatória para os amigáveis foi travada por uma lesão, mas apesar disso parece-me à frente de Jota Silva.

Aproveito para abordar também o tema Francisco Conceição. O extremo direito, canhoto, consolidou esta temporada aquilo que se esperava dele. Tem características únicas no 1x1 e pode ser o desequilibrador que muitas vezes entra para agitar as águas. Dispensa o resto da equipa para fazer a diferença e será o perfil abre-latas desta seleção, a par de Rafael Leão. Acredito que Roberto Martínez vai levar o jogador do FC Porto e eu faria o mesmo.

Destaco honrosamente o extremo do Vitória, mas também Pedro Neto, que não incluo pela época intermitente a nível físico que teve em Inglaterra, Ricardo Horta, que perdeu o seu espaço na seleção pela quebra de rendimento ao serviço do Braga, e ainda Nuno Santos, que apesar de não me parecer credível uma convocatória sua, fez uma excelente temporada e com certeza passou no radar do selecionador.

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