Braga

Lucas Gonçalves, 18 anos, estudante

Com mais de 2000 anos de História, Braga é a mais antiga cidade portuguesa e uma das cidades cristãs mais antigas do mundo. Apesar disso, é hoje considerada a cidade mais jovem do país, com 15% da população abaixo dos 14 anos de idade. O círculo eleitoral de Braga é o terceiro a eleger mais assentos no Parlamento, com 19 deputados.

Depois de uma descida acentuada durante os anos da crise, o número de alunos que acedeu ao Ensino Superior voltou a aumentar, com mais 508 jovens do que no ano passado num universo de 45.500 novos alunos. Lucas Gonçalves tornou-se, este ano, um dos 19 mil alunos da Universidade do Minho e irá votar pela primeira vez nas legislativas de outubro.

A abstenção não pode ser uma hipótese

Fiz 18 anos no início de setembro e vou votar. Sem dúvida que a abstenção não pode ser uma hipótese para os eleitores, porque se queremos contribuir para a construção do país temos de exercer o nosso direito ao voto. Eu percebo muitos dos argumentos dos abstencionistas, do sentimento de irem sempre os mesmos parar ao Governo e de sentirem que o seu voto não tem valor, mas não podemos usar essas desculpas para não irmos votar. Há sempre alternativas, como votar em branco.

Não tenho a certeza se ter 18 anos é suficiente para ir votar, quanto mais com 16

Considero que mesmo aos 18 anos ainda é cedo para votar, porque olho para eleitores com mais idade e vejo que o meu voto vai valer tanto como o deles. Não sei se acho isto correto, porque tenho muito menos experiência de vida, sobretudo experiência de vida que se aplique diretamente à política. Em termos de maturidade, é uma fase de muita mudança, ainda estamos a construir os nossos ideais. Não tenho a certeza se ter 18 anos é suficiente para ir votar, quanto mais com 16.

Vagas para os mais ricos é uma injustiça tremenda

Uma das intenções da campanha da CDS era dar mais atenção às classes sociais mais altas e penso que disponibilizar vagas do Ensino Público para pessoas com mais dinheiro acaba por ser uma injustiça tremenda. Considero que é uma grande regressão na sociedade quando o dinheiro fica acima do esforço e do trabalho, é estar a diferenciar classes sociais. Dar mais oportunidades de estudo deve ser um dos objetivos de um futuro Governo, tentar aproximar as classes sociais, e uma medida desse género vai contra esta ideia.

Um jovem normal não se sente atraído pelo discurso político

Não compreendo a forma como os partidos fazem campanha. Há muita informação que é transmitida aos eleitores e sinto que não há um foco naquilo que se quer passar. Não me sinto atraído para ver debates nem para ver programas eleitorais. Poderia ajudar se nas universidades os alunos tivessem uma cadeira onde pudessem aprender política. Se organizassem mais projetos virados para o sentido de voto no meio académico, ou até mesmo no secundário, não haveria tanto desinteresse da população mais jovem. Vejo que há esforço por parte dos partidos para passar a informação, mas também vejo que um jovem normal não se sente atraído pelo discurso político.

Não vemos discutido como ajudar alunos mais desfavorecidos

Os temas debatidos no Parlamento acabam por ser sempre os mesmos, são os temas da moda. Os políticos acabam por discutir os assuntos que mais chamam a atenção das pessoas. São estratégias de campanha. A Educação é sempre vista como um tema envolto em polémica, vemos os políticos a discutirem se deve haver, ou não, alunos a pagar para ficarem com as vagas dos alunos estrangeiros, mas não vemos discutido como se vai ajudar os alunos que não conseguem entrar para a faculdade por questões económicas.

872 euros ainda é uma propina pesada para muitos

Faço parte de uma associação que trabalha com jovens de alguns bairros sociais de Braga e há muitos que se sentem injustiçados porque sabem que, mesmo estudando, não vão ter a possibilidades de entrar na faculdade e acabam por desistir demasiado cedo. Na Universidade do Minho, a propina é de 872 euros, o que ainda é um valor pesado para muitas famílias. Penso que isto acaba por não ser muito discutido pelo Governo, porque provavelmente não são estes cidadãos que lhes vão dar o voto.