Com poucas oportunidades a nível nacional, o distrito de Castelo Branco virou-se para o investimento europeu. Abriu o Centro de Negócios do Fundão e levou para o concelho a Academia do Código, para captar a atenção dos mais jovens e controlar a diminuição da população. Este ano, o círculo eleitoral de Castelo Branco conta com menos 11 mil eleitores do que em 2015 e elege quatro deputados.
Sofia Rodrigues é natural do Porto e quando surgiu a possibilidade de ingressar na Academia do Código, precisou de ir ao mapa para ver em que sítio do país ficava o Fundão. Até então, apenas conhecia o nome do concelho pela fama das cerejas. A possibilidade de trabalhar a partir de qualquer ponto do mundo foi o que a motivou a deixar de ser engenheira civil para aprender a programar, mas acabou por se instalar no Fundão, onde este ano comprou uma casa.
Sem apoios não teria vindo
O curso na Academia do Código foi inicialmente financiado pela Câmara Municipal do Fundão, que mais tarde vai buscar uma pequena percentagem do ordenado quando a pessoa arranja um emprego. No último dia de formação, tive uma proposta para ficar a trabalhar numa empresa tecnológica holandesa que tem uma delegação instalada no Centro Tecnológico do Fundão. Estas empresas têm apoios e incentivos e, no no meu caso pessoal, durante o primeiro ano, a Câmara pagou metade da minha renda de casa. Devia haver políticas nacionais como esta e não apenas de uma Câmara Municipal, porque de outra forma não teria acontecido vir para o interior.
Os Governos fazem pouco pelo interior
Quando vivia no Porto, toda a minha atenção estava focada em Lisboa, no que a capital tinha e a minha cidade não. Sinto que os Governos, no geral, fazem pouco pelo interior e têm de ser as Câmaras a encontrar soluções pontuais, sem uma estratégia nacional. Serão poucas as pessoas que espontaneamente querem vir viver para o interior. O Estado tem de apostar fortemente em incentivos palpáveis para haver quem pondere a hipótese de sair do litoral.
É importante termos mais partidos
O PAN veio trazer alguns temas para a discussão e está a ser um pouco odiado por isso, mas seria muito importante termos mais diversidade de partidos na Assembleia da República. O problema é que os partidos pequenos não conseguem fazer campanha em todo o país, o que também acaba por interessar aos partidos grandes. Uma maior abstenção garante o poder a uma certa camada política.
Quantos mais cartazes vejo, mais ridículos me parecem os candidatos
Maioritariamente sigo a campanha através das redes sociais e quantos mais cartazes vejo na rua, mais ridículos me parecem os candidatos que lá aparecem. Queremos ver como eles são, o que defendem, a capacidade de argumentação, o que têm para oferecer e não uma figura com um sorriso superior, de braços cruzados. Através das redes sociais conseguimos ter uma melhor perceção de como os políticos atuam.
Há muitas políticas que me passam ao lado
Tenho a consciência de que somos constantemente manipulados. Quando me sento a ver televisão sei que o que me estão a apresentar é algo que vende. Estão a ganhar dinheiro com a minha visualização, precisam da minha atenção e precisam de apresentar aquilo que vai vender. Acontece o mesmo no Facebook. Sigo os vários jornais e sei que muitas notícias têm objetivos que vão para além da informação. Há muito conteúdo direcionado ou construído de forma a obter o clique da pessoa e, a partir daí, sinto que há muitas políticas que me passam ao lado.