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Lisboa

Deficientes exigem menos barreiras e mais apoios

11 jun, 2011

Marcha juntou 150 pessoas em Lisboa este sábado.

Cidadãos com deficiência marcharam, em defesa dos seus direitos, nomeadamente o cumprimento do previsto na legislação, mas também exigindo menos barreiras arquitectónicas e mais apoio para a integração no mercado de trabalho.

Sob o lema "Caminhamos na Diferença por Direitos Iguais", os cerca de 150 participantes na marcha que desceu a avenida da Liberdade, exigiram "a revogação do decreto-lei 290/2009 que retira direitos e reduz os apoios sociais aos deficientes, nomeadamente nas comparticipações dos medicamentos", como disse à Lusa Humberto Figueiredo pai de um jovem deficiente.

"Vimos por um lado mostrar que existimos, por outro lado ao mostrarmos que existimos conseguimos manifestar-nos em prol dos nossos interesses", disse à Lusa o cidadão deficiente Pedro Alexandre.

"Há muita coisa que está prevista na legislação que não é conseguida como a atribuição de ajudas técnicas, subsídios a pessoas com invalidez e que quando se obtêm são do valor que são", acrescentou Pedro Alexandre.

"Preconizar a entrada da pessoa com deficiência no mercado no trabalho" é outra das exigências dos deficientes, defendeu Pedro Alexandre que lamentou terem sido retirados, em 2009, alguns benefícios para a entidade patronal que empregasse deficientes.

O mercado de trabalho é muito importante", sublinhou e prosseguiu: "Quando a pessoa pensa, 'ai coitadinho' não [é isso], a pessoa precisa de rendimentos, precisa de produzir, de se encaixar numa equipa, de se sentir útil e mais um igual aos demais, apesar das deficiências".

Outra questão é a das barreiras arquitectónicas, Pedro Alexandre lamentou que o Estado tenha legislado de modo a que os edifícios sejam adaptados às pessoas com deficiência e quando "esse mesmo Estado constrói sem cumprir o que ele próprio legislou", disse.

Também Maria Dulce Silva, psicóloga voluntária no Centro Misericórdia de Recuperação de Alcoitão, que também participou na marcha apoiando os cinco deficientes daquela instituição, afirmou à Lusa que "o país não está habilitado, do ponto de vista arquitectónico, para ter deficientes, dadas as muitas barreiras existentes".

"Em termos de transportes - disse por seu turno Pedro Alexandre - não podemos viajar nem de autocarro nem de comboio".

"A sociedade não nos permite uma integração a 100 por cento", rematou Pedro Alexandre.