02 dez, 2013
O antigo presidente da Câmara de Alandroal João Nabais, acusado de 117 crimes de peculato e 92 de peculato de uso, começou esta segunda-feira a ser julgado no Tribunal de Redondo, tendo a defesa destacado os "contornos eminentemente políticos" do processo.
É um processo "com contornos eminentemente políticos", disse o advogado do arguido, Luís Filipe Pereira, sustentando que as testemunhas de acusação são "os principais opositores políticos" de João Nabais.
O advogado do antigo presidente da câmara, eleito pelo PS, e actual vereador (movimento independente) do mesmo município falava aos jornalistas à margem da primeira sessão do julgamento.Em causa, segundo a acusação, consultada pela agência Lusa, estão alegados crimes do então autarca com dinheiros da câmara, em viagens realizadas em Portugal, a maioria para Lisboa, e no estrangeiro, ao longo de vários anos.
No "pacote" incluem-se as viagens a Cuba, entre Abril de 2008 e Fevereiro de 2009, que o município promoveu para a realização de cirurgias às cataratas a 50 idosos do concelho.
De acordo com a acusação, não haveria justificação para os gastos efectuados pela câmara, nem para o autarca, nas viagens a Cuba, integrar a comitiva.
"Na verdade, [João Nabais] pretendia apenas encontrar um subterfúgio que lhe permitisse deslocar-se e permanecer o máximo tempo possível, em turismo sexual", em Cuba, pode ler-se no despacho de pronúncia do Tribunal de Instrução Criminal de Évora, consultado pela Lusa.
Pedido de indemnização ascende a quase 767 mil euros
Na qualidade de lesada, a Câmara de Alandroal, que foi presidida por João Grilo (movimento independente) durante o último mandato (2009/2013) e é agora liderada por Mariana Chilra (CDU), eleita nas autárquicas de Setembro, deduziu um pedido de indemnização civil por danos patrimoniais.
O pedido de indemnização, de acordo com os dados de actas da Assembleia Municipal de Alandroal consultadas pela Lusa, ascende a quase 767 mil euros.
O advogado de João Nabais argumentou hoje aos jornalistas que as viagens ao estrangeiro efectuadas durante a gestão camarária do arguido "foram incentivadas pela União Europeia", para a participação em iniciativas ligadas ao Poder local e autarquias.
Apesar de não se ter pronunciado hoje, João Nabais, em declarações anteriores à Lusa, já reclamou a sua "inocência" e também alegou que o que está em causa é "um julgamento sumário" que constitui "uma vergonhosa subversão do sistema de justiça ao serviço" dos seus "adversários políticos".