12 abr, 2025 - 17:55 • Redação
Pedro Henriques da Silva é o compositor convidado do concerto “Nova Música” da Orquestra Portuguesa de Guitarras e Bandolins.
PANGÆA, a composição que tem estreia marcada para este sábado faz-nos recuar ao tempo em que o mundo tinha um supercontinente (de nome Pangæa) e para a fragmentação que aconteceu desde então, que deu origem ao mundo como hoje conhecemos.
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O compositor diz à Renascença que a mensagem por trás da peça, “é um comentário e uma reflexão sobre aquilo que estamos a viver socialmente, politicamente, agora no século XXI”.
Pedro Henriques Silva, nesta composição, inspirou-se em quatro escalas da música oriental. “Agarro em duas escalas diferentes da Índia com propriedades muito interessantes. Se fizer uma inversão de uma, encontra-se a outra”, conta o compositor. Porém, para completar as notas em falta, encontrou no Japão e na Indonésia duas escalas que complementam as anteriores.
“Inspirei-me a usar essas quatro escalas como as escalas principais da peça. Achei muito interessante usar a guitarra portuguesa com essas escalas que não são típicas, de todo, para o instrumento, tal como para os bandolins e as guitarras”, explica o compositor.
O músico viu, com esta orquestra, a oportunidade de aplicar a investigação que tinha feito, sobre este tema, para a sua tese de doutoramento, “porque, ao ter uma orquestra diferente a uma orquestra sinfónica, posso ter sons totalmente diferentes e posso imitar vários instrumentos de outras partes do mundo”.
A peça foi construída em cinco andamentos, em que o compositor descreve como “começa com um céu estrelado em cima de Pangæa, com muita harmonia, que se vai perdendo aos poucos no segundo, terceiro e quarto andamentos”.
Para o quinto e último andamento, a que dá o nome “Fragmentação”, utiliza “a escala Todi, da Índia, é bastante misteriosa e, a meu ver, um bocadinho escura”.
O compositor sobe ao palco com a orquestra, com a sua guitarra portuguesa. “Vai ser uma experiência diferente para muitos portugueses que vão ouvir a guitarra portuguesa num contexto de música contemporânea”, acrescenta Pedro Henriques da Silva, que vai utilizar uma técnica diferente, tocando "com os quatro dedos e a fazer arpejos rápidos". Vai também utilizar um e-bow, um aparelho que simula um arco com vibrações eletromagnéticas.
Pedro Henriques da Silva é um compositor português que já conta com várias premiações pela sua música. É músico, compositor e professor, multiplica-se em diferentes áreas do conhecimento, entre a música, as artes e a ciência. É membro do corpo docente da Universidade de Nova Iorque, onde leciona composição, guitarra clássica, bandolim, banjo e sitar.
Para além do ensino, o músico também compõe para cinema e é vencedor de vários prémios atribuídos pelo Festival de Cinema de Cannes, Sundance, Bienal de Veneza, entre muitos outros.
Pode vê-lo em palco e assistir ao espetáculo da orquestra com a inédita composição PANGÆA este sábado no Cineteatro António Lamoso, em Santa Maria da Feira, às 21h30.
Os próximos concertos desta temporada “Nova Música” vão passar por Oliveira do Bairro, a 11 de maio, Estarreja em setembro e Gondomar no final do ano, com datas ainda a definir.